Nova York, 4 de maio de 2012 – Os corpos de dois fotógrafos mexicanos que cobriam a área de polícia foram encontrados junto a outros dois corpos, de um ex-fotojornalista e uma quarta pessoa, em um canal na cidade de Boca del Río, no estado de Vera Cruz, segundo as informações da imprensa.
“Condenamos estes assassinatos e exigimos que as autoridades mexicanas adotem medidas decisivas para impor o Estado de Direito e garantir a segurança dos jornalistas em Veracruz”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ.
Os corpos desmembrados dos fotógrafos Gabriel Huge Córdoba e Guillermo Luna Varela foram encontrados junto com o corpo de Esteban Rodríguez, ex-repórter fotográfico de Vera Cruz, e de Irasema Becerra que, segundo reportagens, seria companheira de Luna. A imprensa havia divulgado que Huge e Luna haviam desaparecido na quarta-feira.
Huge trabalhava no Notiver, principal jornal de Veracruz, mas, após o assassinato de três jornalistas do Notiver no ano passado, havia abandonado a cidade junto com outros repórteres, de acordo com a imprensa. As reportagens indicaram que desde seu regresso a Veracruz, há alguns meses, havia trabalhado periodicamente como fotógrafo independente entre outros empregos.
Luna também havia trabalhado como repórter fotográfico no Notiver, mas deixou o jornal, segundo as informações divulgadas. Nos últimos seis meses, trabalhou como fotógrafo do site Veracruznews, disse ao CPJ o diretor do site, Martín Lara Reyna.
Rodríguez, que costumava trabalhar como repórter fotográfico para o jornal local AZ, havia se demitido depois dos assassinatos dos jornalistas do Notiver no ano passado e estava trabalhando como soldador, de acordo com jornalistas locais e reportagens veiculadas pela imprensa.
Reportagens indicam que Becerra, noiva de Luna, havia trabalhado na área administrativa de um jornal local.
Um funcionário do governo federal, que preferiu permanecer anônimo, disse hoje ao CPJ que nesta manhã foi oferecida proteção policial a todos os jornalistas que cobrem a área de polícia em Xalapa, capital do estado de Veracruz, assim como os das cidades de Veracruz e Boca del Rio. O funcionário acrescentou que foi oferecida proteção também às instalações de todos os meios de comunicação que cobrem temas ligados à criminalidade. O CPJ documentou uma combinação de negligência e corrupção generalizada entre as forças de segurança, sobretudo no âmbito estadual.
Veracruz, que é um campo de batalha para os cartéis de Sinaloa e Los Zetas, é um dos estados mexicanos mais perigosos para a imprensa, demonstra a pesquisa do CPJ. Quatro jornalistas foram assassinados em 2011 e, no sábado, o corpo da jornalista Regina Martínez Pérez foi encontrado estrangulado em sua residência, em Xalapa. Desde 2006, mais de 45 jornalistas foram mortos ou estão desaparecidos no México, segundo a investigação do CPJ. O México aparece em oitavo lugar no Índice de Impunidade 2012 do CPJ, que destaca os países onde jornalistas são assassinados e os responsáveis ficam livres.
- Para mais informações e análises sobre o México, consulte o informe do CPJ Ataques à Imprensa.