Nova York, 30 de abril de 2012 – As autoridades devem investigar imediatamente o assassinato da jornalista mexicana Regina Martínez Pérez, determinar o motivo, e garantir que os responsáveis sejam processados, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
O corpo de Martínez foi encontrado na tarde de sábado em sua residência, na cidade de Xalapa, capital do estado de Veracruz, na costa do Golfo, segundo as informações da imprensa. A jornalista havia sido agredida no rosto e nas costelas e foi estrangulada até a morte, de acordo com reportagens. O procurador geral do estado, Amadeo Flores Espinoza, disse em uma coletiva de imprensa que a televisão, telefones celulares e computador da repórter haviam sido roubados.
Martínez trabalhou para a revista de circulação nacional Proceso por mais de uma década e era reconhecida por suas investigações sobre os cartéis de drogas e os vínculos entre o crime organizado e funcionários do governo. Na semana anterior ao seu assassinato, cobriu a prisão de um suposto líder de Los Zetas; a prisão de nove policiais acusados de trabalhar para um cartel de drogas; e fez a reportagem sobre um prefeito que foi preso junto com supostos pistoleiros de um cartel depois de um tiroteio com o exército mexicano, segundo as informações da imprensa.
“Regina sempre escrevia um terço a mais sobre a verdade do que eu me atrevi em qualquer história que cobrimos. E eu escrevo mais que a maioria dos jornalistas”, disse ao CPJ um repórter de Xalapa que pediu para permanecer anônimo por segurança. Os colegas de Martínez disseram que ela não havia comentado sobre ameaças antes de sua morte.
O gabinete do governador do estado, Javier Duarte de Ochoa, informou que havia ordenado a um grupo especial de agentes que investigasse o assassinato. A Proceso afirmou em seu site que o governo estadual havia garantido ao pessoal da revista o acesso a qualquer informação resultante da investigação. A revista também declarou que seus executivos haviam dito ao governador no domingo que eram céticos sobre o êxito da investigação devido à disfunção sistêmica no país.
“Condenamos o brutal assassinato de Regina Martínez Pérez”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades mexicanas devem quebrar o ciclo de impunidade que cerca os homicídios de jornalistas, conduzir uma investigação completa e ajuizar os responsáveis”.
A Procuradoria-Geral da República indicou que acompanhará de perto a investigação para decidir se o assassinato violou alguma lei federal e se as autoridades federais assumiriam o caso. Informações da imprensa dão conta que comissões estadual e federal de direitos humanos participarão da investigação.
Em março, o senado mexicano aprovou uma emenda constitucional que, se aprovada pela maioria dos estados, outorgaria às autoridades federais a jurisdição sobre crimes contra a imprensa. Dez dos 17 legislativos estaduais aprovaram a emenda até o momento, informou a organização de liberdade de imprensa local Fundalex.
Veracruz, onde quatro jornalistas foram assassinados em 2011, é um dos estados mexicanos mais perigosos para a imprensa, demonstra a pesquisa do CPJ. O estado é um campo de batalha para dois grupos do crime organizado, Los Zetas e o cartel de Sinaloa, segundo a investigação do CPJ. Os jornalistas locais afirmam que há corrupção generalizada no governo local e, nos últimos meses, houve uma escalada na violência.
Desde 2006, mais de 40 jornalistas foram assassinados ou estão desaparecidos no México, segundo o apurado pelo CPJ. Devido a uma combinação de negligência e corrupção entre funcionários públicos, em particular no nível estadual, vários crimes contra a imprensa permanecem sem solução, demonstra a pesquisa do CPJ. O México apareceu em oitavo lugar no Índice de Impunidade 2012 do CPJ, que destaca os países onde os jornalistas são assassinados e os responsáveis ficam livres.
- Para mais informações e análises sobre o México, consulte o informe do CPJ Ataques à Imprensa.