Nova York, 26 de julho de 2011–A cabeça decapitada e o corpo da veterana jornalista Yolanda Ordaz de la Cruz foram encontrados na madrugada de hoje, informaram as autoridades do estado mexicano de Veracruz. A jornalista foi sequestrada por homens armados no domingo, quando saía de sua casa.
Ordaz cobria a editoria de polícia para o Notiver, principal jornal da cidade de Veracruz, mas seu corpo foi encontrado perto do edifício do jornal Imagen. Jornalistas em Veracruz dissera ao CPJ que o cruel assassinato e a disposição do corpo parecem ser uma sinistra mensagem destinada à imprensa. Durante uma coletiva, o procurador-geral do estado, Reynaldo Escobar Pérez, negou que o assassinato de Ordaz tenha relação com seu trabalho, e disse que a evidência parece indicar que seus assassinos eram membros do crime organizado. No entanto, uma porta-voz da procuradoria, Magda Zayas, informou ao CPJ que o trabalho da jornalista era uma das linhas de investigação que estavam sendo seguidas.
Segundo Zayas, uma nota encontrada junto ao corpo parecia vincular o assassinato de Ordaz com o homicídio, em 20 de junho, do conhecido colunista Miguel Angel López Velasco, de sua mulher e de seu filho, fotógrafo que colaborava com o jornal. Ela informou, também, que a mensagem estava assinada por “Carranza” e dizia: “Amigos também podem te trair”. A agência Associated Press noticiou que investigadores estaduais identificaram Juan Carlos Carranza Saavedra, um ex-policial de trânsito, como o principal suspeito do assassinato de López.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos do México declarou que abrirá sua própria averiguação sobre o assassinato de Ordaz, segundo a AP.
Ordaz é a quarta jornalista de Veracruz assassinada este ano. Além de López e de seu filho, o corpo de Noel López Olguín, colunista do jornal La Verdad de Jáltipan, que desapareceu em março, foi encontrado enterrado em uma fossa clandestina em 31 de maio.
“O assassinato de Yolanda Ordaz é parte de uma alarmante tendência de violência letal que converteu Veracruz em um local extremamente perigoso para se trabalhar como jornalista”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Instamos as autoridades mexicanas a realizar uma investigação completa, estabelecer os motivos do crime e processar os assassinos de Ordaz para pôr fim à impunidade nos crimes contra jornalistas”.
Jornalistas da cidade de Veracruz disseram ao CPJ que Ordaz havia trabalhado por três décadas cobrindo a área policial e era muito próxima de López e sua família.
A violência do narcotráfico converteu o México em um dos países mais perigosos para a imprensa, segundo uma pesquisa do CPJ. Quinze jornalistas, incluindo Ordaz, foram assassinados no país desde 2010, ao menos quatro em represália direta por seu trabalho informativo. O CPJ continua investigando para determinar se as outras onze mortes tiveram relação com o trabalho das vítimas. Segundo o Índice de Impunidade do CPJ, a situação do México piorou na lista dos países com maior impunidade pelo terceiro ano consecutivo, situando-o na oitava colocação. O Índice mundial identifica países onde os jornalistas são assassinados com frequência e as autoridades se mostram incapazes ou relutantes em processar os responsáveis.