Nova York, 20 de junho de 2010 – Um conhecido colunista de um jornal mexicano, sua esposa e um de seus filhos foram assassinados a tiros em sua casa em Veracruz, segundo investigadores estaduais, em um terrível ataque que enfatiza a grave crise que o país atravessa. A administração do presidente Felipe Calderón deve adotar ações decisivas para pôr fim ao ciclo de violência que está minando a democracia mexicana, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Miguel Ángel López Velasco, de 55 anos, colunista do diário Notiver de Veracruz, sua esposa, Augustina Solado de López, e seu filho Misael, de 21 anos, foram assassinados por agressores não identificados que invadiram sua casa por volta das 5h30, informou o jornal. Os outros filhos do casal, ambos adultos, não vivem na mesma casa.
“Estamos chocados com o brutal assassinato do jornalista Miguel Ángel López Velasco, de sua esposa e de seu filho, e instamos as autoridades mexicanas a realizarem uma investigação minuciosa e levarem os responsáveis pelo crime à Justiça”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “O governo mexicano deve pôr fim a esta onda interminável de violência que está corroendo o sistema democrático”.
López, ex-subdiretor do Notiver, escrevia uma coluna intitulada “Va de Nuez” sob o pseudônimo de Milo Vela e abordava temas políticos, de segurança e de interesse geral, segundo informações da imprensa mexicana. López era um dos colunistas mais conhecidos do estado de Veracruz há muitos anos, segundo Gerardo Perdomo, presidente da Comissão Estadual para a Defesa dos Jornalistas.
Jornalistas locais entrevistados pelo CPJ indicaram que os assassinatos poderiam ser represália a uma recente coluna sobre o narcotráfico na região. López também escrevia sobre política e segurança.
O governador de Veracruz, Javier Duarte, visitou as instalações do Notiver e fez uma declaração à imprensa. “Hoje em um ato covarde, um ato que prejudica toda a sociedade – pois não é contra um meio de comunicação nem contra uma categoria profissional, é contra a sociedade inteira, contra a sociedade de Veracruz – assassinaram nosso amigo Miguel Ángel López Velasco”, disse Duarte. Ele prometeu uma investigação aprofundada, segundo o jornal Milenio da Cidade do México.
A violência do narcotráfico converteu o México em um dos países mais perigosos para a imprensa, de acordo com uma pesquisa do CPJ. Treze jornalistas, incluindo López, foram assassinados no país desde 2010, ao menos três deles em represália direta por seu trabalho informativo. O CPJ continua investigando para determinar se as outras dez mortes tiveram relação com a profissão das vítimas. A influência corruptora dos grupos criminosos em todos os setores da sociedade mexicana, incluindo governo, forças de segurança e meios de comunicação, torna difícil estabelecer claramente os motivos de muitos destes casos.
Em setembro de 2010, em uma reunião com uma delegação conjunta do CPJ e da Sociedade Interamericana de Imprensa, Calderón se comprometeu a proteger os direitos dos jornalistas e afirmou que o direito à liberdade de expressão era uma prioridade de seu governo.
O CPJ instou Calderón a cumprir seus compromissos. “Oito meses se passaram e os meios de comunicação mexicanos continuam sendo alvo de organizações do crime organizado”, declarou Lauría. “Chegou o momento de o governo Calderón adotar medidas enérgicas e rápidas para proteger o direito dos mexicanos de expressar-se livremente sem temor a represálias. Está em jogo o futuro da democracia mexicana”.