Bogotá, 1º de outubro de 2013 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena o assassinato de um vendedor de um jornal colombiano que colaborou com jornalistas na revelação de conduta imprópria de guardas de uma prisão local e insta as autoridades a investigarem o crime.
Agressores não identificados dispararam várias vezes contra José Dario Arenas, de 31 anos, no município de Caicedonia no departamento [estado] ocidental de Valle de Cauca, segundo as informações da imprensa. Arenas havia vendido exemplares do jornal Extra Quindío de Armenia, a capital do departamento vizinho de Quindío, segundo as reportagens.
O principal artigo do Extra Quindío de sábado, que foi escrito pelo repórter Andrés Mauricio Osorio, se referia a reclamações apresentadas por familiares de detidos que afirmaram ter sido maltratados por guardas da prisão em Caicedonia. Osório disse ao CPJ que Arenas havia lhe apresentado a ideia sobre a reportagem, o havia ajudado a obter fontes e havia feito fotografias para a matéria. Arenas era vendedor do jornal e colaborava para a publicação já que o jornal não tinha um repórter permanente no município, informou Osório ao CPJ.
Osorio afirmou que José Danial Ocampo, vendedor ambulante na prisão que foi citado na reportagem com comentários críticos sobre os guardas, recebeu um telefonema ameaçador depois do assassinato com a seguinte mensagem: “já caiu o primeiro”. O artigo citou Ocampo dizendo que ele sabia de outro tipo de má conduta por parte dos guardas.
Dois policiais em Caicedona se recusaram a especular sobre o motivo do assassinato e alegaram que a investigação está em curso. Um porta-voz do INPEC, autoridade carcerária na Colômbia, não respondeu aos telefonemas do CPJ para comentar o assunto.
Juan Carlos Pérez, fotógrafo do Extra Quindío, afirmou acreditar que o assassinato está diretamente relacionado à reportagem sobre os guardas da prisão e que pode ter sido um ataque preventivo para assustar repórteres para que não aprofundem a investigação. Pérez disse que as prisões colombianas estão assoladas por problemas como prisioneiros que traficam drogas, negócios extorsivos, sequestros e assassinatos ordenados da prisão e guardas que facilitam ostensivas festas para detentos. Nos últimos anos, tais escândalos já provocaram a renúncia de vários chefes penitenciários e diretores do INPEC.
“A morte de José Darío Arenas simboliza o quão longe podem chegar os responsáveis por crimes e abusos oficiais na Colômbia em seus esforços para deter o fluxo de informações“, disse Carlos Lauria, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades colombianas devem investigar o crime completamente, incluindo a possibilidade de participação por parte dos guardas prisionais, e processar os responsáveis.”
Arenas era casado e tinhas três filhos.
A Colômbia está vendo este ano o ressurgimento da violência e intimidação contra jornalistas. Em setembro, Édison Alberto Molina, advogado e político que apresentava um programa onde denunciava corrupção oficial, foi assassinado a tiros na cidade de Puerto Berrío. Ricardo Calderón, que dirige a unidade de investigação da revista Semana, escapou por pouco de uma tentativa de assassinato em 1º de maio, segundo as informações da imprensa.