Nova York, 2 de maio de 2013 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) insta as autoridades colombianas a investigar completamente um ataque contra o editor Ricardo Calderón, cujo veículo foi baleado por homens armados não identificados na quarta-feira em Girardot. Calderón não ficou ferido.
Calderón, de 42 anos, chefe da equipe investigativa da revista Semana, dirigia seu carro por volta das 19h00 quando parou em um posto de pedágio em Girardot, 135 quilômetros a sudoeste da capital, Bogotá, segundo as informações da imprensa. O jornalista viu dois indivíduos armados descerem de um veículo. Os agressores chamaram seu nome e, quando ele respondeu, dispararam contra o seu automóvel pelo menos cinco vezes, segundo as informações. Calderón conseguiu escapar ileso ao esconder-se em uma vala junto à estrada, informou a The Associated Press.
O diretor da Semana, Alejandro Santos, foi citado pela revista como tendo confirmado a participação de Calderón na equipe de repórteres que investigou os extravagantes privilégios carcerários usufruídos por militares condenados por graves abusos aos direitos humanos, em reportagem publicada há mais de duas semanas. A matéria revela como dezenas de militares sentenciados a 30 anos de prisão haviam feito compras, participado de festas e feito negócios em Bogotá. “Estas investigações incomodaram muita gente”, afirmou Santos, segundo a Semana.
“O ataque contra Ricardo Calderón demonstra os graves riscos ainda enfrentados pelos jornalistas colombianos quando informam sobre temas sensíveis”, declarou o coordenador sênior do programa do CPJ para as Américas, Carlos Lauría. “As autoridades devem enviar a mensagem de que estes ataques não serão tolerados, realizando uma investigação completa e processando os responsáveis”.
Calderón trabalhou em várias outras matérias investigativas de interesse público, inclusive sobre o grande escândalo de espionagem ilegal no qual funcionários do serviço nacional de inteligência se envolveram em escutas telefônicas, interceptação de e-mails, e vigilância de jornalistas e opositores políticos. O escândalo levou à dissolução do serviço nacional de inteligência, na época conhecido como DAS, e à prisão de mais de 20 funcionários.
O presidente Juan Manuel Santos condenou o ataque e solicitou ao chefe da polícia nacional que se encarregue da investigação, informou a imprensa. Calderón está agora sob proteção policial.
Com 44 jornalistas mortos por seu trabalho desde 1992, a Colômbia tem sido historicamente um dos países mais perigosos do mundo para jornalistas, segundo a pesquisa do CPJ. O Índice de Impunidade do CPJ, que foi lançado hoje, revelou que nos últimos anos o país melhorou seu histórico, com a diminuição da violência letal contra a imprensa.
- Para mais informações e análises sobre a Colômbia, veja o relatório do CPJ Ataques à Imprensa.