Cidade do México, 22 de abril de 2013 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) insta as autoridades mexicanas a investigar completamente o desaparecimento do jornalista Sergio Landa Rosado no estado de Veracruz. Landa, que cobre a editoria de polícia para o jornal local Diario Cardel, está desaparecido desde janeiro, segundo as informações da imprensa.
Landa desapareceu em 23 de janeiro quando trabalhava na cidade de Cardel, de acordo com o Diario de Cardel. O jornal informou seu desaparecimento dois dias depois e sua esposa registrou queixa junto às autoridades na semana seguinte, mas o caso somente chamou a atenção da mídia nacional este mês.
Jornalistas do Diario de Cardel disseram ao CPJ que Landa noticiou o assassinato de um taxista no início de dezembro. No dia seguinte, contaram, duas SUVs e um carro com homens portando rifles de assalto chegaram às instalações do jornal e raptaram o repórter. A polícia e uma unidade da Marinha os perseguiram e Landa conseguiu escapar, embora não esteja claro exatamente como, disseram os repórteres. Enquanto estava cativo, os sequestradores de Landa lhe disseram que ele seria morto por ter escrito o artigo sobre o motorista de taxi, segundo os colegas e a esposa do jornalista, Isabel. Um colega, que pediu para não ser identificado por medo de represálias, disse ao CPJ que os homens armados disseram a Landa que a matéria era do tipo que podia chamar muita atenção. Outro repórter do Cardel disse que um grupo do crime organizado havia chegado à região e estava sequestrando e extorquindo, mas não quer suas ações divulgadas pela imprensa. O jornalista disse acreditar que o motorista assassinado provavelmente se negou a pagar a extorsão.
Depois de escapar, Landa fugiu de Cardel para uma cidade distante em Veracruz, onde trabalhou para um jornal afiliado ao Diario Cardel, afirmou sua esposa. Algumas semanas depois ele retornou para casa, mas permaneceu escondido em Cardel até o dia de seu desaparecimento. Naquela manhã, ele foi à redação do Diario de Cardel pela primeira vez desde seu rapto. Poucas horas depois, ele disse a outro repórter que precisava checar algo e voltaria logo, contou o jornalista. Ele não é visto desde então.
“Estamos seriamente preocupados com o desaparecimento de Sergio Landa Rosado e instamos as autoridades mexicanas a conduzir uma investigação completa para encontra-lo e levar os sequestradores à justiça”, disse em Nova York o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “O presidente Enrique Peña Nieto deve demonstrar que não vai tolerar a violência e o clima de intimidação contra a imprensa que foram característicos da administração anterior”.
Jornalistas da região indicaram ao CPJ que o desaparecimento de Landa deixa claro que eles não podem informar sobre as atividades do grupo criminoso local. Afirmaram supor que Landa tenha sido novamente sequestrado e assassinado.
Veracruz tornou-se o estado mais perigoso para jornalistas no México, de acordo com a pesquisa do CPJ. Na semana passada, a revista mexicana de circulação nacional Proceso noticiou que havia tomado conhecimento de um complô de funcionários de Veracruz contra a integridade do jornalista Jorge Carrasco, que tem coberto extensivamente o homicídio da correspondente da revista no estado, Regina Martínez Pérez. Ao menos oito jornalistas foram assassinados desde que o governador Javier Duarte tomou posse no final de 2010, e muitos outros fugiram – temporária ou permanentemente – por causa das ameaças vindas tanto do crime organizado como de funcionários do governo estadual, segundo dados do CPJ.
Ao menos 12 outros jornalistas desapareceram no México na ultima década, de acordo com a pesquisa do CPJ.
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