Nova York, 26 de setembro de 2011 – O corpo da jornalista mexicana María Elizabeth Macías Castro foi encontrado no sábado em uma rodovia próxima da cidade de Nuevo Laredo, segundo um comunicado oficial.
Macías Castro, de 39 anos, chefe de redação do jornal Primera Hora, escrevia criticamente sobre grupos criminosos e corrupção ou má administração de assuntos municipais, jornalistas contaram ao CPJ. Uma nota encontrada junto ao corpo dizia que ela havia sido assassinada por escrever nas redes sociais e em sites, e atribuiu o crime a um grupo criminoso, informou a imprensa.
“Condenamos o brutal assassinato de María Elizabeth Macías Castro e instamos o governo federal a realizar uma completa investigação e a processar todos os responsáveis”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Esta onda de violência sem precedentes está colocando em perigo os direitos constitucionais de todos os mexicanos à liberdade de expressão e ao acesso à informação”.
Fontes indicaram ao CPJ que Macías Castro havia enviado mensagens pelo Twitter e escrito sob o pseudônimo de “La NenaDLaredo” na página da web Nuevo Laredo en vivo. Não se sabe se houve um artigo em particular ou se foi o seu trabalho informativo sem censura que provocou a reação de seus assassinos. Tampouco foi possível estabelecer como descobriram sua identidade.
Em áreas como o norte do México, onde grupos do crime organizado têm aterrorizado e silenciado a imprensa local, cidadãos começaram a informar em sites e redes sociais utilizando nomes falsos e tentando permanecer no anonimato. Inclusive jornalistas profissionais disseram ao CPJ que também eles publicam clandestinamente artigos nas redes sociais que não poderiam divulgar sob seus nomes nos meios de comunicação tradicionais. Facebook, Twitter e outros sites estão preenchendo o vazio de informação sobre temas como a violência do narcotráfico, segundo a apuração do CPJ.
Como reflexo desta nova realidade, os grupos criminosos decidiram atacar os usuários da internet e das redes sociais nas últimas semanas. Em 13 de setembro, os corpos de dois jovens, que não foram identificados, apareceram pendurados de uma ponte em Nuevo Laredo. Informações da imprensa indicam que as notas deixadas junto aos corpos advertiam sobre não escrever em páginas da web.
“À medida que os cidadãos mexicanos, incluindo jornalistas e meios de comunicação, estão voltando-se de forma crescente para as novas tecnologias frente à censura generalizada, os cartéis de drogas estão usando a violência para controlar a informação na internet”, declarou Lauría. “A estabilidade da democracia mexicana dependerá, em última instância, da restauração da capacidade dos meios de comunicação para informar sem temor de represálias”.
A violência do narcotráfico converteu o México em um dos países mais perigosos para a imprensa, segundo uma pesquisa do CPJ. Sete jornalistas, incluindo Macías Castro, foram assassinados no país apenas este ano, ao menos um em represália direta por seu trabalho jornalístico.