Journalists killed in 2005

Do Iraque às Filipinas, o assassinato é a principal causa de morte de jornalistas em 2005
O saldo mundial é de 47 mortes; o Iraque se converteu no conflito recente com maior número de vítimas fatais

Nova York, 3 de janeiro de 2006 – Seqüestradores no Iraque, assassinatos políticos em Beirute, e pistoleiros nas Filipinas fizeram do assassinato a principal causa de mortes relacionadas com o trabalho jornalístico no mundo durante 2005, mostra uma nova análise do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Quarenta e sete jornalistas tombaram no cumprimento do dever em 2005, e mais de três quartos do total de assassinatos tiveram a finalidade de silenciar suas críticas ou ocorreram em represália ao seu trabalho, de acordo com o informe anual do CPJ. Esta cifra se compara com as 57 mortes em 2004, das quais menos de dois terços foram por assassinato.

O Iraque, local mais perigoso para os jornalistas em 2005, se converteu também no conflito mais letal para os meios de comunicação nos 24 anos de existência do CPJ. Um total de 60 jornalistas morreu no cumprimento de seu trabalho informativo no Iraque desde o início da invasão liderada pelos Estados Unidos em março de 2003 até o final de 2005. O saldo supera os 58 jornalistas mortos durante o conflito argelino entre 1993 e 1996.

A análise do CPJ também documenta uma antiga tendência segundo a qual os assassinos de jornalistas geralmente ficam impunes. Em 2005, 90 por cento dos crimes ficaram impunes, uma cifra consistente com os dados recolhidos pelo CPJ durante mais de uma década. Desde 1992, menos de 15 por cento dos assassinatos de jornalistas resultaram em prisão ou processo legal contra os autores intelectuais dos crimes.

Uma lista completa dos jornalistas mortos, com detalhes sobre cada caso, está disponível em: http://www.cpj.org/killed/killed05.html

Ainda que o saldo de 2005 reflita uma diminuição, se comparado com o ano anterior, continua bem acima da média anual de 34 mortes documentadas pelo CPJ durante a última década. De fato, 104 jornalistas tombaram em 2004 e 2005, convertendo este período de dois anos no mais letal desde a guerra na Argélia há dez anos.

“Muitos jornalistas perderam suas vidas somente por cumprirem com seu trabalho, e governos indiferentes devem se responsabilizar por estas cifras” assinalou Ann Cooper, Diretora-executiva do CPJ.

“A guerra no Iraque pode levar a crer que os repórteres estão caindo no campo de batalha. Mas a verdade é que de cada quatro jornalistas mortos no mundo, três são individualmente assassinados, enquanto que seus homicidas raramente são levados à justiça. Trata-se de uma eloqüente demonstração da forma como os governos deixam que caudilhos e criminosos ditem as notícias que seus cidadãos podem ver e ouvir”.

A guerra no Iraque causou 22 mortes em 2005, quase a metade do total anual segundo o CPJ. No entanto, ainda nesta região de conflito, o assassinato é a causa de 70 por cento das mortes documentadas pelo CPJ. A preponderância dos assassinatos premeditados reflete a instável ameaça no Iraque, onde o fogo cruzado havia sido a principal causa de mortes durante os últimos dois anos. Os seqüestros seguidos de morte apareceram como uma inquietante tendência, já que pelo menos oito jornalistas foram seqüestrados e assassinados em 2005 – enquanto houve um rapto fatal no ano anterior.

Os jornalistas iraquianos foram os mais afetados por estes ataques, e se tornou cada vez mais perigoso para repórteres e fotógrafos estrangeiros trabalharem no local. O jornalista norte-americano independente Steven Vincent foi o único estrangeiro morto por seu trabalho no Iraque em 2005; cinco estrangeiros morreram no ano anterior.

Pelo menos três jornalistas tombaram como resultado das ações das tropas norte-americanas, comparado com seis mortes em 2004. O fogo das tropas norte-americanas matou 13 jornalistas desde março de 2003 até o final de 2005. Uma análise das vítimas no Iraque está disponível em http://www.cpj.org/Briefings/Iraq/Iraq_danger.html

As Filipinas, onde ocorreu um número alarmante de assassinatos de jornalistas de rádio abertamente críticos, é o lugar com o segundo número mais alto de mortes em 2005. O CPJ documentou quatro assassinatos nas Filipinas, uma diminuição em relação aos oito registrados em 2004. Esta redução se deve, em parte, a uma maior coordenação das forças de seguranças nacionais, de acordo com o CPJ.

Seis países registraram dois mortos em 2005. Os destacados colunistas libaneses Samir Qassir e Gebran Tueni – ambos conhecidos por suas fortes críticas ao governo sírio e à influência deste no Líbano – foram assassinados em dois atentados distintos com carros bomba em Beirute. Um terceiro jornalista libanês ficou mutilado em outro atentado com carro bomba. Rússia, Bangladesh, Paquistão, Sri Lanka e Somália são os outros países que registraram, cada, dois assassinatos.

A América Latina evidenciou uma clara melhora, com quatro jornalistas mortos por seu trabalho em 2005 – três menos que no ano anterior. No entanto, numerosos jornalistas da região atribuíram esta diminuição à crescente autocensura, um fenômeno que o CPJ encontrou predominantemente na Colômbia e no México.

Dois jornalistas desapareceram em 2005 – Alfredo Jiménez Mota, no México, e Elyuddin Telaumbanua na Indonésia. Detalhes adicionais sobre jornalistas desaparecidos estão disponíveis em http://www.cpj.org/Briefings/missing_list.html

O CPJ considera que um jornalista tombou no cumprimento de seu trabalho se morreu como resultado de um ato hostil, incluindo represálias por seu trabalho, por fogo cruzado durante a cobertura de um conflito, ou ao informar sobre circunstâncias perigosas, tais como manifestações de rua violentas.

O CPJ continua investigando os casos de outros 11 profissionais caídos em 2005 para determinar se foram mortes relacionadas com o trabalho jornalístico. O CPJ recopilou informações detalhadas sobre os jornalistas mortos em todo o mundo desde 1992. As estatísticas e os detalhes de cada caso estão disponíveis em: http://www.cpj.org/killed/killed_archives/stats.html

PONTOS CHAVE para 2005:

• Quarenta e sete jornalistas caíram, no mundo, no cumprimento de seu trabalho em 2005. Destes, 37 (ou 79 por cento) foram assassinados. Cinco jornalistas foram vítimas de fogo cruzado durante a guerra, e outros cinco como conseqüência de tarefas informativas perigosas.

• A guerra do Iraque causou 22 mortes. Deste total, 16 (ou 73 por cento) foram assassinatos.

• Pelo menos oito jornalistas, no Iraque, foram seqüestrados antes de serem executados. Houve apenas um caso deste tipo no ano anterior.

• Vinte e um dos 22 jornalistas mortos no Iraque eram iraquianos. O único estrangeiro morto no país foi o jornalista norte-americano Steven Vincent.

• Sessenta jornalistas morreram no Iraque desde o princípio da invasão liderada pelos Estados Unidos, em março de 2003, superando os 58 jornalistas que tombaram no conflito argelino entre 1993 e 1996.

• As Filipinas teve o segundo número mais alto de mortes de jornalistas no mundo, com quatro profissionais tombados por seu trabalho, 50 por cento menos que o ano anterior.

• Dois destacados colunistas libaneses, críticos do governo sírio, morreram em Beirute, ambos vítimas de carros bomba.

• O número de jornalistas mortos na América Latina diminuiu para quatro, em relação aos oito registrados em 2004. Alguns jornalistas atribuíram esta redução a autocensura, particularmente na Colômbia e México.