Jornalista foge após ameaças de morte

Nova York, 2 de março de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas está alarmado pelas ameaç;as de morte feitas a uma repórter do jornal colombiano Vanguardia Liberal, que diz ser, também, alvo de vigilância de um organismo de segurança governamental.

Jenny Manrique disse que em janeiro havia fugido da cidade de Bucaramanga, no departamento oriental de Santander, após receber ameaças de morte por ter informado sobre abusos das forças paramilitares. Manrique pediu ao CPJ que mantivesse sua saída de Bucaramanga em segredo, por medo de represálias. No entanto, depois que o Vanguardia Liberal publicou acusações de vigilância e escuta telefônica do jornal por parte de agentes de segurança do Estado, na semana passada, Manrique decidiu tornar público o seu caso.

Em 25 de fevereiro, o diário de Bucaramanga informou que integrantes do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) fizeram escutas telefônicas e seguiram o presidente, o gerente e o diretor do jornal, e suas famílias.

O diretor do DAS, Andrés Peñate Giraldo, assegurou que nada sabia sobre as alegações e que seu escritório conduziria uma investigação, segundo a imprensa local. Peñate especificou que o escritório central do DAS, em Bogotá, não havia ordenado a vigilância do jornal. Na segunda-feira, no entanto, Peñate substituiu o diretor regional do DAS em Santander para poder garantir a transparência da investigação.

Segundo o diário El Tiempo, o Vanguardia Liberal tem sido crítico ao governo do departamento e, em particular, ao governador Hugo Aguilar Naranjo. Aguilar negou estar envolvido nas acusações de espionagem, informou o El Tiempo.

Manrique, coordenadora do suplemento semanal “Séptimo Dia”, disse ao CPJ que, entre maio e dezembro de 2005, recebeu uma série de ligações telefônicas, cada vez mais ameaçadoras.

Em 9 de janeiro, Manrique recebeu uma ameaça advertindo-a: “deixe a região, ou a quebramos”. No dia seguinte, Manrique denunciou as ameaças à polícia local e, em 12 de janeiro, saiu de Santander sob a proteção do Ministério do Interior. A Procuradoria Geral da Nação e o DAS iniciaram uma investigação em janeiro mas, segundo Manrique, nenhum suspeito foi preso.

“Estamos muito preocupados com estas acusações de espionagem do Vanguardia Liberal e pelas ameaças de morte contra uma de suas jornalistas”, disse a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. “Instamos as autoridades colombianas a investigarem rigorosamente ambos os incidentes e levarem à justiça os responsáveis”.

Em uma reportagem especial publicada em outubro, intitulada “Histórias não Contadas” (Historias no contadas), o CPJ concluiu que editores, repórteres, e outros profissionais dos meios de comunicação se autocensuravam por medo de represálias dos participantes do conflito armado, assim como intimidação por parte dos funcionários do governo e do exército colombiano. Esses ataques forçaram a imprensa a limitar fortemente a cobertura do conflito armado, em especial em temas relacionados com os abusos dos direitos humanos, crime organizado, tráfico de drogas e corrupção.

A reportagem está disponível, em espanhol, em

http://www.cpj.org/Briefings/2005/DA_fall05/colombia/Colombia_report_Spanish.pdf