Nova York, 23 de maio de 2006 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está alarmado com as informações sobre o acesso de hackers às caixas de correio eletrônico de vários conhecidos jornalistas com o objetivo de distribuir suas conversas privadas com fontes, inclusive funcionários públicos, entre os contatos dos jornalistas.
Em 11 de maio, Daniel Santoro, jornalista investigativo do matutino Clarín, denunciou que uma entrevista “off the record” com o juiz Daniel Rafecas, sobre um importante caso de narcotráfico, havia sido roubada e repassada a um dos advogados da defesa. Santoro apresentou a denúncia ao juiz federal Guillermo Montenegro, alegando violação da confidencialidade das fontes.
Em 22 de maio, Ernesto Tenembaum, jornalista da Radio Mitre, disse ao CPJ que mensagens de sua caixa de correio eletrônico haviam sido enviadas a seus contatos sem o seu conhecimento. As mensagens continham conversas entre Tenembaum e várias fontes, incluindo funcionários públicos e juizes.
Luis Majul, que apresenta o programa “La Cornisa” pela América TV, afirma que em 21 de maio um desconhecido enviou uma mensagem aos contatos de sua conta Yahoo convocando-os para um boicote contra o Clarín. A mensagem revelava os nomes de usuário e as senhas de mais de 20 jornalistas e executivos de meios de comunicação argentinos.
“Este não é o trabalho de apenas uma pessoa. Acredito que há uma organização por trás disto, com a intenção de gerar confusão” disse Majul ao CPJ. O jornalista disse que apresentará uma denúncia formal perante o juiz Montenegro. Majul e outros jornalistas acreditam que a violação dos correios eletrônicos foi realizada por alguém que tenha trabalhado para os serviços de inteligência. Um alto funcionário do governo, em entrevista a uma emissora de rádio, negou que os serviços de inteligência estivessem envolvidos.
“Este crime eletrônico é uma clara violação à privacidade de nossos colegas, e parece destinado a debilitar o trabalho dos jornalistas”, disse a Diretora-executiva do CPJ, Ann Cooper. “Instamos as autoridades a realizarem uma investigação exaustiva para determinar quem são os responsáveis por estes atos”.