Cidade do México, 4 de dezembro de 2018 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) insta as autoridades mexicanas a realizar imediatamente uma investigação confiável e rigorosa sobre o assassinato do jornalista Alejandro Márquez Jiménez, cujo corpo foi encontrado em 1º de dezembro próximo a Tepic, capital do estado de Nayarit, de acordo com as informações da imprensa.
Márquez, de 40 anos, era editor do Orión Informativo, uma revista quinzenal impressa e on-line que fundou há aproximadamente dois anos, informou a repórter Norma Cardoso, de Nayarit, ao CPJ. Ele já havia trabalhado por cerca de oito anos no Crítica Diario, um jornal local.
A imprensa local disse que o repórter também foi politicamente ativo e apoiou o Movimento pela Regeneração Nacional (Morena), partido político do presidente Andrés Manuel López Obrador, que assumiu o cargo em 1º de dezembro. Em uma foto amplamente publicada no dia em que a sua morte foi noticiada pela primeira vez, ele aparece com López Obrador usando uma camisa polo ostentando o logotipo do Morena.
“As autoridades mexicanas devem fazer imediatamente tudo o que estiver ao seu alcance para investigar adequadamente se o assassinato de Alejandro Márquez está de alguma forma relacionado ao seu trabalho como jornalista”, disse Jan-Albert Hootsen, representante do CPJ no México. “A violência fatal contra repórteres no México continuará enquanto os agressores puderem agir impunemente”.
De acordo com a imprensa, o corpo do repórter foi encontrado em uma vala perto do aeroporto Tepic na manhã de 1º de dezembro. Em uma matéria de 2 de dezembro, o Excelsior da Cidade do México disse que ele foi visto pela última vez na tarde de 30 de novembro. Ele recebeu um telefonema enquanto comia com sua família e deixou a casa logo depois. A natureza do telefonema não foi relatada na mídia nacional ou local. Vários telefonemas do CPJ para a família de Márquez via celular ficaram sem resposta até 4 de dezembro.
Uma notícia de 3 de dezembro no site do ex-empregador do repórter, Crítica Diario, informou que o corpo de Márquez foi encontrado com pelo menos quatro ferimentos de bala, citando fontes anônimas. O jornal acrescentou que o corpo mostrava sinais de espancamento. Um porta-voz da Procuradoria-Geral de Nayarit (FGE) disse ontem ao CPJ que ainda não havia sido autorizado a divulgar quaisquer detalhes sobre a investigação. Em 4 de dezembro, A FGE não divulgou nenhuma declaração sobre o assassinato em seu site ou em suas páginas no Facebook e Twitter.
Várias tentativas do CPJ, em 4 de dezembro, de contatar o editor do Crítica Diario, Lenín Guardado, via mensagens do WhatsApp, ficaram sem resposta.
Ricardo Sánchez Pérez del Pozo, que chefia o Ministério Público Federal de Atenção aos Crimes Cometidos contra a Liberdade de Expressão (FEADLE), disse ao CPJ ontem que seu gabinete abriu uma investigação sobre o assassinato.
A Orión Informativo cobriu principalmente a política local em Tepic e municípios vizinhos, de acordo com a repórter Norma Cardoso e as informações da imprensa. O CPJ conseguiu recuperar vários artigos publicados no site da revista nos últimos dias antes do assassinato de Márquez, que tratavam de eventos políticos na região, mas não conseguiu obter cópia de suas edições impressas recentes. Cardoso disse ao CPJ que Márquez era bem conhecido por suas reportagens altamente críticas sobre a política local na região, mas que não tinha conhecimento de quaisquer ameaças contra a vida dele. O CPJ não conseguiu encontrar, até esta data, evidências de ameaças ou ataques anteriores contra Márquez.
Um porta-voz do Mecanismo Federal para a Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos e Jornalistas, que pediu anonimato para falar livremente sobre o assunto, disse ao CPJ em 2 de dezembro que Márquez não havia sido incorporado a um esquema federal de proteção e não havia denunciado ameaças à instituição.
O México é o país mais mortífero do Hemisfério Ocidental para jornalistas. Com o homicídio de Alejandro Márquez, pelo menos 10 repórteres foram mortos no México em 2018, segundo pesquisa do CPJ. O CPJ determinou que pelo menos quatro dos jornalistas assassinados em 2018 foram alvo de represálias diretas por seu trabalho.