Nova York, 30 de outubro de 2014 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou a incursão realizado na terça-feira pela polícia argentina nos escritórios da La Brújula 24, uma emissora de rádio e site web, durante a qual confiscou material jornalístico do meio de comunicação.
A polícia irrompeu na manhã de terça-feira nos escritórios da La Brújula 24, na cidade de Bahía Blanca, província de Buenos Aires, com uma ordem judicial assinada pelo juiz federal Santiago Ulpiano Martínez, disse à imprensa um dos diretores do meio de comunicação, Germán Sasso.
As autoridades estavam procurando informação nos computadores, memórias USB e outro material jornalístico relacionado com escutas telefônicas que envolvem o empresário Juan Ignacio Suris, que está preso acusado de supostos crimes de lavagem de dinheiro e vínculos com o narcotráfico, segundo a La Brújula 24. Suris negou as acusações e assinalou que a acusação foi “armada”, segundo as informações da imprensa.
Sasso afirmou à imprensa que desde fevereiro o meio de comunicação havia publicado parte das conversas de Suris, que o governo obteve através de escutas que estão sendo utilizadas na acusação contra Suris e outros empresários argentinos. As gravações também implicam policiais e funcionários do governo. A Brújula 24 não indicou como havia obtido as gravações.
Algumas horas depois da incursão, o juiz Martínez afirmou em um comunicado que a ordem para realizar a operação teve origem no Ministério Público e buscava investigar a fonte das gravações vazadas, segundo as informações da imprensa.
“Enviar uma equipe de agentes da polícia federal confiscar material jornalístico antes que seja publicado e obrigar a revelar fontes confidenciais de informação viola os princípios básicos da liberdade de imprensa protegidos pela legislação argentina”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Instamos as autoridades argentinas a devolver o material confiscado e a permitir que a La Brújula 24 possa continuar informando sobre um caso de interesse público sem obstruções nem intimidação”.
La Brújula 24 publicou, depois da incursão de terça-feira, uma gravação na qual um suposto traficante de drogas não identificado falava sobre sua “amizade” com um juiz local. Nos dias prévios à incursão, a emissora havia promovido o áudio, disse Sasso à imprensa. A incursão ocorreu pouco antes das gravações serem levadas ao ar.
Sasso ressaltou que havia guardado cópias das gravações em outros locais, segundo as informações da imprensa. Ele condenou a decisão das autoridades de obrigar a La Brújula 24 a revelar a fonte das gravações, que indicou violar proteções constitucionais dos jornalistas.