Nova York, 6 de fevereiro de 2014 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) recebe com satisfação as duas condenações na terça-feira do assassinato em 2012 do jornalista político e blogueiro brasileiro Décio Sá e insta as autoridades a garantir que todos os envolvidos no crime sejam levados à justiça. Jhonatan de Souza Silva, que confessou ser o pistoleiro, foi sentenciado a 25 anos e três meses de prisão, segundo as matérias da imprensa. Marcos Bruno Oliveira, que alegava ser inocente, foi sentenciado a 18 anos e três meses de prisão pela acusação de transportar Souza para cometer o crime e fugir do local.
Sá, que escrevia sobre politica e corrupção para o jornal local O Estado do Maranhão e em seu bastante lido Blog do Décio, recebeu seis disparos quando estava sentado em um bar no dia 23 de abril de 2012, no estado no Maranhão, no nordeste do país. Cesar Scanssette. Jornalista de O Estado no Maranhão, disse ao CPJ que Sá tinha muitos inimigos por causa de suas reportagens críticas.
Nos meses que se seguiram ao ataque, as autoridades prenderam ao menos nove suspeitos que disseram ser cumplices e conspiradores que estavam ligados a um grupo de agiotas que Sá havia ligado a um assassinato local em seu blog, segundo reportagens da imprensa. Os suspeitos incluíam o empresário Gláucio Alencar, acusado de ser o líder do grupo e o mandante do assassinato de Sá, e o vice-chefe de polícia; ambos negaram as acusações, segundo as informações da imprensa. Alencar e o oficial da polícia, assim como os demais suspeitos, atualmente aguardam julgamento, segundo matérias da imprensa.
“Essas condenações são passos bem-vindos em direção à justiça no assassinato de Décio Sá, e seguem vários desdobramentos positivos recentes na luta contra a impunidade pelo homicídio de jornalistas no Brasil”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Justiça plena nunca será alcançada até que todos os responsáveis sejam levados à justiça. Instamos as autoridades brasileiras a continuarem suas investigações e processarem a cadeia de comando, inclusive se há a possibilidade de policiais ou políticos envolvidos”.
Recentemente o Brasil teve ganhos substanciais na luta por justiça. No ano passado, condenações foram alcançadas em três outros casos, representando um significante progresso para reverter o longo histórico de impunidade do Brasil em assassinato de jornalistas – o país estava na 10ª posição no Índice de Impunidade do CPJ. Mas o progresso também chega em meio a uma espiral de violência letal que fez do Brasil um dos países mais perigosos do mundo para jornalistas. Ao menos quatro jornalistas foram mortos em 3012, três deles em retaliação direta por seu trabalho.