Nova York, 21 de agosto de 2012 – Autoridades argentinas devem investigar imediatamente os violentos ataques contra dois jornalistas que trabalham no interior e garantir que os responsáveis sejam levados à justiça, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Os ataques, que não estão relacionados, ocorreram no período de uma semana.
“Jornalistas argentinos do interior estiveram vulneráveis a este tipo de ataque no passado”, disse o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades devem agir com firmeza para reprimir este comportamento criminoso e processar os responsáveis”.
Indivíduos não identificados jogaram um coquetel molotov contra o carro de Silvio Novelino, diretor do jornal mensal El Pepirí, por volta das 15h00 de segunda-feira, contou o jornalista à emissora local de TV Misiones Cuatro. Novelino disse que o veículo estava na garagem adjacente a sua casa na cidade de Bernardo de Irigoyen, na província de Misiones. Ele não ficou ferido no ataque, mas o fogo danificou seu carro, segundo as informações da imprensa.
Novelino disse que seu jornal frequentemente publica artigos críticos sobre temas como corrupção local, e acredita que os agressores possam estar entre as várias pessoas incomodadas com suas reportagens, segundo a imprensa. O jornalista disse que “havia se acostumado” a receber ameaças por seu trabalho. Jose Héctor Munaretto, Chefe de Polícia da província de Misiones, afirmou ao grupo local de imprensa Foro de Periodismo Argentino (FOPEA) que a casa de Novelino estava agora sob proteção policial.
Outro jornalista foi agredido e ameaçado seis dias antes. Hernán García, diretor da emissora de rádio local FM UNO, disse que o prefeito da cidade de Sancti Spíritu, na província de Santa Fé, o convocou para uma reunião fora da cidade em 14 de agosto, segundo relatou na rádio FM UNO. Garcia disse que Abel Fontenla o esbofeteou no rosto e o ameaçou com uma arma, dizendo que iria matá-lo. García contou que gravou o ataque e o colocou no site da emissora. Na gravação, é possível ouvir uma voz não identificada dizendo “Eu juro que vou te matar… Eu venho te matar”. O jornalista afirmou que denunciou a agressão às autoridades locais.
Fontenla negou as acusações e disse que nada sabia sobre a gravação, segundo a imprensa. Uma busca na residência do prefeito não encontrou nenhuma arma, segundo as reportagens. García havia usado a emissora recentemente para exortar Fontenla a “mostrar os balanços para a comunidade de Sancti Spíritu” e ser mais transparente, de acordo com as informações veiculadas pela imprensa.
O CPJ documentou ataques a jornalistas do interior nos últimos meses. Em 29 de maio, Gustavo Tinetti, apresentador do programa “Despertate” na rádio Cadena Nueve e repórter do site da emissora, foi ameaçado por um pistoleiro não identificado que entrou nas instalações da rádio na cidade de 9 de julho, na província de Buenos Aires.
- Para mais informações e detalhes sobre a Argentina, visite a página do CPJ sobre o país aqui.