Jornalistas mexicanos, usando equipamento de proteção individual em meio à pandemia do COVID-19, cobrem protesto de funcionários administrativos do Hospital Geral Balbuena, na Cidade do México, em 16 de abril de 2020. (AFP / Pedro Pardo)

Recomendações de segurança do CPJ: Cobrindo o surto de coronavírus

Atualizado em 20 de maio de 2021

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto de COVID-19 (novo coronavírus) uma pandemia em 11 de março de 2020. A situação global continua a evoluir, e os países estão aumentando ou relaxando suas restrições de viagem e / ou medidas relacionadas à segurança conforme novas variantes do coronavírus são identificadas e o programa de vacinação de COVID-19 ganha ritmo, de acordo com as informações da imprensa.

Jornalistas de todo o mundo estão desempenhando um papel crucial em manter o público informado sobre a pandemia e os esforços  dos governos para combatê-la, apesar das tentativas de autoridades de vários países de reprimir as informações independentes e o acesso à informação, como documentado pelo CPJ. Membros de meios de comunicação estão sofrendo enorme pressão e tensão, e frequentemente estão potencialmente expostos a infecções por viagens, entrevistas e locais em que se encontram trabalhando, de acordo com as entrevistas do CPJ com jornalistas. Os jornalistas enfrentaram censura, detenção, assédio físico e on-line e a perda de seus meios de subsistência devido ao COVID-19, conforme salientado em relatórios recentes do CPJ.

Para se manterem atualizados sobre os conselhos e restrições mais recentes, os jornalistas que cobrem o surto devem monitorar as informações da OMS e do órgão local de saúde pública. A fim de manter-se atualizado sobre os mais recentes desdobramentos da pandemia, o John Hopkins University Coronavirus Resource Center [Centro de Recursos de Coronavírus da Universidade John Hopkins] é um meio seguro e confiável.

Ficar seguro em campo

As restrições de viagens internacionais e / ou medidas relacionadas à segurança em vigor e mudam com frequência, significando que todas as coberturas podem mudar ou ser cancelado com pouco ou nenhum aviso prévio.

Os profissionais da mídia que foram vacinados devem lembrar que ainda podem ser capazes de transmitir o vírus, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), e que diferentes vacinas oferecem níveis variados de proteção contra diferentes cepas do vírus, de acordo com a Yale Medicine. Medidas de segurança relacionadas ao COVID-19, como distância física e uso de máscaras faciais, devem, portanto, continuar a ser respeitadas.

Aqueles que planejam cobrir a pandemia do COVID-19 devem levar em conta as seguintes informações de segurança:

Pré-cobertura

Se disponível, avalie a possibilidade de ser vacinado para COVID-19 antes de qualquer participação se for seguro para você, especialmente se trabalhar ou viajar para uma área com alta taxa de infecção.

  • Dependendo de quão alta é a taxa de infecção em sua localização e destino, entrevistas telefônicas ou online devem ser realizadas em vez de pessoalmente para minimizar o risco de transmissão e/ou exposição
  • De acordo  o CDC, idosos e indivíduos com condições de saúde subjacentes, como diabetes ou obesidade, são considerados de maior risco. Caso você se enquadre nessas categorias, dependendo da taxa de infecção, deve evitar envolver-se em qualquer cobertura que o coloque em contato direto com o público em geral. Deve-se considerar também tal função para funcionárias que estejam grávidas.
  • Ao selecionar o pessoal para alguma reportagem relacionada à pandemia do COVID-19, a chefia deve estar atenta a potenciais ataques racistas contra certas nacionalidades, como destacado pelo The New York Times.
  • Restrições globais de viagem e medidas de bloqueio podem mudar com pouco ou nenhum aviso. Discuta quais planos a equipe de gerenciamento da cobertura vai implantar para ajudá-lo e apoiá-lo caso você fique doente durante a cobertura, levando em consideração a possibilidade de precisar isolar-se voluntariamente e/ou ficar em uma zona de confinamento por um longo período.

Bem-estar psicológico

  • Até os jornalistas mais experientes podem enfrentar problemas psicológicos ao reportar sobre a pandemia de COVID-19, segundo o Reuters Institute da Universidade de Oxford. Os que chefiam a cobertura devem conferir regularmente com seus jornalistas como eles estão lidando com isso e oferecer orientação e apoio se e quando necessário.
  • Avalie o potencial impacto psicológico de informar de um local ou área afetada pela COVID-19, especialmente de instalações médicas, de isolamento ou área em lockdown. Um recurso útil para profissionais que cobrem situações traumáticas pode ser encontrado no DART Center for Journalism and Trauma [Centro DART para o Jornalismo e Trauma]. Visite a página de Emergências do CPJ para obter recursos externos de segurança, incluindo as melhores práticas de saúde mental para jornalistas que cobrem COVID-19.

Evitando o contágio e contagiar outros

A maioria dos países continua praticando o distanciamento social / físico, embora a distância recomendada agora possa variar dependendo de qual país você esteja. Se informar de locais de alto risco, como algum dos descritos abaixo, informe-se com antecedência sobre as medidas de higiene necessárias. Em caso de dúvida, não visite.

As recomendações padrão para evitar a infecção incluem:

  • Mantenha a distância física segura recomendada com todos, que pode variar de acordo com as recomendações das autoridades locais. Tenha cuidado especial com aqueles que apresentam quaisquer sinais ou sintomas de doença respiratória, como tosse e espirros, e / ou ao entrevistar idosos, pessoas com problemas de saúde subjacentes, qualquer pessoa próxima a indivíduos sintomáticos, profissionais de saúde que tratam de pacientes com COVID- 19 ou que trabalham em qualquer localização de risco mais alto.
  • Procure entrevistar pessoas em um espaço externo. Se for necessário ser realizada em ambiente fechado, escolha um local com algum tipo de fluxo de ar (janelas abertas, por exemplo) e evite pequenos espaços confinados.
  • Evite apertar as mãos de qualquer pessoa, assim como abraçar ou beijar.
  • Tente ficar em ângulo com o entrevistado durante o diálogo, em vez de ficar frente a frente, mantendo a distância física recomendada.
  • Lave as mãos regularmente, de maneira adequada e completa, por pelo menos 20 segundos de cada vez, usando água quente e sabão. Seque as mãos de maneira apropriada. Um guia muito útil sobre como lavar e secar as mãos adequadamente pode ser encontrado no site da OMS.
  • Use gel ou lenços antibacterianos na falta de água quente e sabão, mas sempre lave as mãos depois com água quente e sabão o mais rápido possível. (O CDC recomenda o uso de desinfetantes para as mãos à base de álcool com mais de 60% de etanol ou 70% de isopropanol.) Não substitua a rotina regular de lavagem das mãos pelo uso de desinfetante para as mãos.
  • Sempre cubra a boca e o nariz ao tossir ou espirrar. Se você tossir ou espirrar em um lenço, descarte-o imediatamente de maneira segura e apropriada e lembre-se de lavar bem as mãos depois.
  • Evite tocar seu rosto, nariz, boca, orelhas etc., como destacado pela BBC.
  • Evite beber/comer usando xícaras, louças ou talheres que possam ter entrado em contato com outras pessoas.
  • Todo o cabelo deve estar coberto. Cabelos longos devem ser amarrados e assentados sob uma touca.
  • Remova todas as joias e relógios antes de qualquer cobertura, observando que o vírus pode permanecer vivo em vários tipos de superfície por diferentes períodos de tempo.
  • Se usar óculos, limpe-os de forma cuidadosa regularmente com água quente e sabão.
  • Evite usar lentes de contato durante a cobertura devido à probabilidade de tocar seus olhos e potencialmente aumentar suas chances de infecção.
  • Escolha quais roupas você vai vestir, levando em conta que certos tecidos podem ser limpos com mais facilidade do que outros. Todas devem ser cuidadosamente removidas e  lavadas em alta temperatura com detergente após qualquer cobertura.
  • Se possível, tente não manusear dinheiro durante seu trabalho e limpe regularmente seus cartões de crédito/débito, carteira e/ou bolsa. Evite ao máximo colocar as mãos nos bolsos.
  • Analise como será seu deslocamento para ir e voltar da cobertura. Quando possível, evite usar transporte público na hora do rush e use álcool gel nas mãos ao desembarcar do meio de transporte.
  • Se estiver usando um automóvel pessoal ou da empresa, lembre-se de que um passageiro infectado pode transmitir o vírus para os outros dentro do veículo. Trafegue com as janelas abertas para garantir um bom fluxo de ar em todo o veículo e considere o uso de coberturas faciais ou máscaras durante todo o percurso.
  • Faça paradas regulares e esteja atento aos níveis de fadiga e energia, já que pessoas cansadas ​​têm maior probabilidade de cometer erros em sua higiene pessoal. Também leve em conta que as pessoas possam percorrer longas distâncias antes e depois do trabalho.

Equipamento médico de proteção  individual – EPI
(PPE, na sigla em inglês)

Dependendo da natureza da cobertura, os trabalhadores dos meios de comunicação podem ter necessidade de usar uma variedade de EPIs médicos para noticiar com segurança. Isto pode incluir luvas descartáveis, máscaras faciais, aventais /macacões/ trajes de proteção, capas de sapatos descartáveis etc.

Colocar e retirar o EPI requer a estrita observância e adesão às melhores práticas de segurança. Clique aqui para obter orientações gerais do CDC. Deve-se tomar um cuidado especial ao remover o EPI, pois é quando o risco de contaminação cruzada é maior. Em caso de dúvida, procure orientação e treinamento de especialistas antes de realizar qualquer cobertura.

Observe que, em alguns países, os EPIs médicos de boa qualidade podem estar em falta e/ou ser difíceis de obter; então, o uso desse equipamento pode causar [maior] escassez.

  • Certifique-se de que qualquer EPI usado tenha o tamanho correto para você. O EPI mal ajustado pode rasgar e/ou restringir o movimento (se muito apertado), e pode se  prender em objetos como maçanetas de porta e rasgar (se muito solto).
  • Sempre use marcas conceituadas ​​de EPI médico, prestando atenção às especificações de segurança mínimas necessárias. Cuidado com equipamentos defeituosos ou falsificados. Algumas das marcas líderes e mais respeitadas podem ser vistas aqui.
  • Use luvas de proteção se estiver trabalhando ou visitando um local infectado, como uma instalação de tratamento médico. Observe que as luvas nitrílicas oferecem maior proteção que as de látex. Usar dois pares melhora a segurança.
  • Caso reporte de um local de alto risco, como uma instalação de tratamento médico, provavelmente será necessário EPI médico adicional, como roupa de corpo inteiro e máscara facial. 
  • Se precisar de um macacão de corpo inteiro, lembre-se de usar o banheiro antes de vestir o EPI.
  • Dependendo da cobertura, talvez seja necessário usar calçados descartáveis ​​ou sapatos impermeáveis, que devem ser limpos e enxaguados assim que você sair do local. Se usar protetores à prova d’água, eles devem ser descartados de maneira segura  antes de sair do local.
  • Recomenda-se que todo o EPI médico seja colocado / retirado sob a supervisão de um profissional treinado, levando em conta que esse pode ser o momento da exposição. Esse vídeo de colocação e retirada feito pelo CDC pode ser útil, embora não deva ser usado como um substituto para o treinamento / supervisão.
  • Nunca reutilize EPI de uso único como luvas, traje corporal, aventais ou protetores para sapatos. Qualquer equipamento reutilizável deve ser adequadamente descontaminado e higienizado. Garanta que todo o EPI médico contaminado seja descartado da maneira apropriada ANTES de sair do local afetado.

Máscaras faciais

O uso correto de máscaras é especialmente importante para trabalhadores da mídia que fazem reportagens em meio ao público em geral, em espaços confinados, e /ou locais de alto risco. Você deve estar ciente de que a concentração de gotas de carga viral no ar em locais mais contidos provavelmente será significativamente maior do que o normal, portanto, aumentando potencialmente suas chances de exposição.

Esteja ciente que, a menos que usada corretamente, há preocupações de que as máscaras faciais possam, na verdade, se tornar uma fonte de infecção. Um estudo do Lancet mostra um nível detectável de vírus infeccioso ainda presente em uma máscara cirúrgica até sete dias após a exposição. Com base neste estudo, tirar ou reutilizar uma máscara, ou tocar o rosto ao usá-la, pode significar risco de infecção.

Se usar máscara, siga as seguintes recomendações:

  • Se a reportagem for feita em um espaço confinado, próximo a outros ou de um local de maior risco, recomenda-se o uso de uma máscara N95 (ou FFP2/FFP3) em vez de uma máscara “cirúrgica” padrão.
  • Verifique se a máscara se encaixa com segurança sobre a ponte do nariz e a do queixo, minimizando as lacunas no ajuste. 
  • Garanta que todo o pelo facial seja removido para garantir uma boa e firme vedação ao rosto. 
  • A adesão estrita à segurança da máscara facial é essencial. Evite tocar na parte da frente da máscara, remova-a apenas pelas correias e evite ajustá-la, a menos que seja absolutamente necessário. Lave as mãos imediatamente se elas entrarem em contato com a máscara.
  • Reutilizar máscaras é de alto risco. Sempre descarte imediatamente as máscaras usadas em um saco selado.
  • Sempre lave as mãos com sabão e água quente após remover a máscara. Se não for possível, use um desinfetante para as mãos à base de álcool (mais de 60% de etanol ou 70% de isopropanol), mas lave as mão com água quente e sabão assim que possível.
  • Substitua a máscara por uma nova, limpa e seca, assim que ficar molhada ou umedecida.
  • Lembre-se de que o uso de uma máscara é apenas uma parte da proteção pessoal. Não tocar na boca, nariz e olhos e lavar as mãos regularmente com água quente e sabão é absolutamente essencial.
  • Esteja ciente de que as máscaras faciais podem estar em falta e / ou sujeitas a aumentos acentuados de preços, dependendo do local.

Segurança do equipamento

A probabilidade de espalhar o COVID-19 através de equipamentos contaminados é real. Um rigoroso regime de limpeza e desinfecção deve ser praticado e respeitado o tempo todo:

  • Use microfones direcionais tipo “espinha de peixe” a uma distância segura, sempre que possível. Microfones de lapela só devem ser usados em circunstâncias controladas combinadas com a adesão a protocolos de higiene rígidos.
  • As capas dos microfones devem ser desinfetadas e lavadas em alta temperatura com detergente ao final de cada cobertura. Procure orientação / treinamento sobre como remover a capa com segurança para evitar qualquer probabilidade de contaminação cruzada. Se possível, evite as capas do tipo ‘wind muff‘ [abafadora de vento], que podem ser mais difíceis de limpar.
  • Use fones de ouvido de baixo custo sempre que possível e trate-os como descartáveis, principalmente para os convidados. Limpe e desinfete todos os fones de ouvido antes e depois do uso.
  • Use lentes de longo alcance para ajudar a manter uma distância segura no local.
  • Sempre que possível, utilize equipamentos móveis em vez dos que possuem cabos.
  • Pense em como você armazenará seu equipamento durante o serviço. Não deixe nada espalhado, coloque tudo de volta no estojo e feche-o (ou use algum tipo de maleta de viagem resistente, que é muito mais fácil de limpar e manter limpo).
  • Se possível e prático, envolva o equipamento com  algum tipo de embalagem / proteção plástica ao usá-lo. Isso minimizará a superfície do equipamento que pode ser contaminada e será mais fácil de limpar e desinfetar.
  • Leve consigo baterias sobressalentes totalmente carregadas e evite carregar qualquer coisa no local, pois seria outro item que poderia ser contaminado.
  • Sempre descontamine todos os equipamentos com lenços antimicrobianos de ação rápida, como o Meliseptol, seguido de uma limpeza completa incluindo, entre outros, telefones celulares, tabletes, cabos, plugues, fones de ouvido, laptops, discos rígidos, câmeras, crachás de imprensa e fitas de pescoço.
  • Assegure-se de que todo o equipamento seja descontaminado novamente ao devolvê-lo ao local usado como base, e que os responsáveis pelo equipamento tomem conhecimento da condição em que estão e saibam como limpar os equipamentos com segurança. Certifique-se de que nenhum equipamento seja colocado e deixado no local sem ser entregue diretamente à pessoa responsável pela limpeza.
  • Se estiver usando um veículo para a tarefa, assegure-se de que o interior receba uma limpeza completa e profunda após qualquer cobertura, de preferência por alguém treinado adequadamente. Atenção especial deve ser dada às partes normalmente tocadas, como maçanetas das portas, volante, alavanca da embreagem, alavanca do freio de mão, espelhos retrovisores, apoios de cabeça, cintos de segurança, painel de instrumentos e abaixadores / travas / botões de janelas. 

Limpeza de equipamentos elétricos

Os pontos a seguir oferecem algumas orientações gerais sobre a limpeza de equipamentos elétricos. Sempre leia as orientações do fabricante antes de tentar qualquer limpeza.

  • Sempre desconecte / remova todas as fontes de energia, dispositivos e cabos.
  • Mantenha líquidos longe do equipamento e não use aerossóis, alvejantes e abrasivos – isso provavelmente danificará o equipamento.
  • Nunca pulverize qualquer substância diretamente no seu dispositivo.
  • Use apenas um pano não abrasivo, macio e sem fiapos.
  • Deixe o pano umedecido, mas NÃO molhado. Adicione um pouco de sabão ao pano e esfregue-o com a mão.
  • Limpe completamente o dispositivo várias vezes.
  • Não permita a entrada de umidade nas aberturas (como tomadas de carregamento, tomadas de fone de ouvido, teclados).
  • Seque seu dispositivo com um pano limpo, seco e macio.
  • Alguns fabricantes recomendam toalhas de álcool isopropílico 70% para quaisquer superfícies duras e não porosas.
  • Se precisar desinfetar seu equipamento, verifique sempre primeiro com o fabricante, pois os desinfetantes podem danificar seu dispositivo.

Orientações mais detalhadas podem ser obtidas através deste artigo.

Segurança digital

  • Tenha em mente que jornalistas encaram níveis de hostilidade online em relação a reportagens sobre a pandemia de COVID-19. O abuso pode vir de grupos contrários a vacinas ou de pessoas que se opõem ao uso de máscaras. Revise as práticas recomendadas pelo CPJ para se proteger contra os ataques.
  • Governos e empresas de tecnologia estão usando vigilância como uma maneira de rastrear a disseminação do COVID-19. Isso inclui o NSO Group, que criou o Pegasus, um spyware que tem sido  usado tendo jornalistas como alvo, de acordo com o Citizen Lab. Grupos de liberdades civis estão preocupados com o modo como essas técnicas de vigilância serão usadas para rastrear pessoas após o término desta crise de saúde. A Transparency International está acompanhando esses desdobramentos globais em seu site.
  • Criminosos estão usando a contínua crise de saúde para atingir indivíduos e organizações, sendo comuns fraudes ligadas ao lançamento de vacinas, de acordo com as informações da imprensa. Faça uma pausa e reflita antes de clicar em links ou baixar documentos contendo informações sobre o COVID-19 ou vacinas, já que sofisticados ataques de phishing podem levar à instalação de malware em seus dispositivos, de acordo com a Electronic Frontier Foundation. Tenha cuidado ao clicar em qualquer link relacionado à COVID-19 nas mídias sociais ou em aplicativos de mensagens, alguns dos quais podem direcioná-lo a sites que infectam dispositivos com malware.
  • Esteja consciente das desinformações patrocinadas pelo Estado, conforme relatado pelo The Guardian, bem como das desinformações em geral, algo que a OMS alertou especificamente e que a BBC destacou.  Um guia que desmente mitos e boatos sobre a COVID-19 está disponível no site da OMS. 
  • Leia sobre os serviços de conferências on-line e questões de privacidade para saber o que esses serviços estão fazendo com seus dados, ao que eles têm acesso e quão seguros eles são. Esteja alerta para o fato de que, com um número crescente de pessoas trabalhando em casa, os serviços estão sendo alvo de hackers.
  • Mantenha-se precavido aos riscos decorrentes de informar sobre ou em países com regimes autoritários, que provavelmente monitorarão de perto a cobertura da epidemia de COVID-19. Certos governos podem tentar ocultar a extensão de qualquer surto e/ou censurara mídia, como já foi realçado pelo CPJ. 

Crime e segurança física durante uma cobertura

  • Se você puder viajar para uma missão internacional (veja abaixo), pesquise a mais recente situação de segurança em seu destino, observando que tem havido esporádicos incidentes violentos e protestos em todo o mundo desde o início da pandemia. Alguns jornalistas relatam ter sido assediados verbalmente e alvo de crimes, portanto, não tome a segurança como garantida.
  • Tenha cuidado especial ao informar de áreas rurais. As pessoas podem suspeitar e/ou serem hostis a “forasteiros” temendo que possam estar infectados.
  • Esteja alerta a uma resposta potencialmente excessiva da polícia em relação às medidas de confinamento pela COVID-19, levando em conta o perigo de agressão física e o uso de gás lacrimogêneo.
  • Jornalistas em países com regime autoritário devem estar a par do perigo de detenção, prisão e/ou deportação ao noticiar sobre a epidemia provocada pela COVID-19, conforme ressaltado pelo CPJ.

Viagens internacionais a trabalho

Devido a restrições globais, as viagens internacionais continuam sendo um desafio. Se uma cobertura no exterior for possível, considere o seguinte:

  • Confira as proibições de viagem existentes e / ou futuras para o destino pretendido, que podem mudar em pouco tempo.
  • Tenha consciência de que as medidas de bloqueio e / ou toque de recolher podem variar em diferentes partes de um país. Note que as medidas locais de bloqueio podem ser impostas com pouco ou nenhum aviso prévio, portanto sempre monitore as notícias sobre qualquer restrição de deslocamento dentro do país
  • As medidas de quarentena no regresso podem ser introduzidas/revisadas com pouca ou nenhuma notificação, dependendo do local de onde retorna, como se viu recentemente com pessoas que voltaram da Espanha para o Reino Unido
  • Identifique todas as instalações de tratamento médico na área em que você trabalhará, lembrando que os profissionais de saúde podem fazer greve ou protestar com pouco ou nenhum aviso.
  • O acesso ao EPI médico pode ser limitado, inexistente e /ou de qualidade suspeita. Sempre pesquise a disponibilidade antes de qualquer missão e, se necessário, leve suprimentos com você.
  • Se possível, vacine-se contra a  COVID antes de iniciar a missão, e assegure-se de que todas as vacinas e profilaxias relevantes estão atualizadas para o seu destino em tempo hábil.
  • Verifique a sua apólice de seguro de viagem, observando que pode não ser possível obter cobertura para viagens relacionadas ao COVID-19. Considere que muitos governos emitiram níveis variados de recomendações e alertas relativos a viagens internacionais.
  • Confira regularmente o status de qualquer evento que você planeja participar, levando em conta que muitos países proibiram os encontros públicos, ou encontros acima de um certo número de pessoas
  • Muitas fronteiras terrestres permanecem fechadas em todo o mundo. Quaisquer fronteiras reabertas podem fechar novamente sem aviso, algo que deve ser levado em conta no seu planejamento.
  • Não viaje se estiver doente. A maioria dos aeroportos internacionais e regionais, bem como outros centros de transporte, implementaram rigorosas medidas de rastreamento de saúde.
  • Observe que o COVID-19 está causando problemas financeiros significativos para muitas companhias aéreas, de acordo com as informações da imprensa. Portanto, cogite a compra de passagens aéreas totalmente reembolsáveis. 
  • Confirme a situação mais recente do visto para o seu destino, notando que numerosos países deixaram de emiti-lo.
  • Averigue se o seu país de destino exige um atestado médico para provar que você não tem COVID-19
  • Mantenha itinerários flexíveis e inclua tempo adicional nos aeroportos ao redor do mundo, tendo em mente as medidas de triagem de saúde e os pontos de verificação de temperatura. Isso se aplica a algumas estações ferroviárias, portos/docas, e estações de ônibus de longo percurso.

Pós-cobertura

  • Monitore continuamente sua saúde e fique atento a sinais de sintomas.
  • Você pode precisar se auto-isolar após retornar de um destino de alto risco. Por favor, confira as instruções relevantes do governo para maior clareza.
  • Acompanhe as últimas atualizações e informações sobre a COVID-19, bem como quaisquer procedimentos de quarentena e isolamento que estejam sendo implementados tanto em sua origem quanto em seu destino.
  • Dependendo da taxa de infecção no país em que você esteve, você deve avaliar a manutenção de um diário com nomes / números de pessoas com quem manteve contato próximo nos 14 dias após o seu retorno. Isso ajudará no rastreamento de seus contatos, se começar a demonstrar sintomas.

Se você apresentar sintomas

  • Se você desenvolver ou tiver sintomas do COVID-19, por mais leves que sejam, informe seus superiores e trabalhe com eles para providenciar o transporte do local final da sua cobertura até a sua casa. Não entre simplesmente em um taxi qualquer.
  • Siga as orientações da OMS, do CDC, ou das autoridades locais de saúde para proteger você e sua comunidade.
  • Não saia de casa por pelo menos 7 dias a partir do início dos sintomas (a quantidade exata de tempo varia de acordo com a orientação do governo do seu país). Isso ajudará a proteger outras pessoas em sua comunidade enquanto você estiver infectado.
  • Planeje com antecedência e solicite ajuda a outras pessoas. Peça ao seu empregador, amigos e familiares que obtenham os suprimentos necessários e os deixem do lado de fora da porta de sua residência.
  • Obedeça à distância recomendada de outras pessoas dentro de casa sempre que possível e, se for viável, durma sozinho.

Kit de Segurança do CPJ fornece aos jornalistas e redações informações básicas de segurança sobre recursos e ferramentas de segurança física, digital  e psicológica, incluindo a cobertura de distúrbios civis  e eleições.

[Nota dos editores: Este comunicado foi publicado originalmente em 10 de fevereiro de 2020 e está sendo frequentemente revisado. A data de publicação na parte superior reflete a atualização mais recente.]