Miami, 29 de julho de 2019 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condenou hoje os comentários do presidente Jair Bolsonaro de que Glenn Greenwald, cofundador e editor da The Intercept Brasil, poderia “cumprir pena” e sugerir que ele havia se casado com um cidadão brasileiro para evitar a deportação, conforme noticiado pelos meios de comunicação do país em 27 de julho.
“As últimas declarações do presidente Bolsonaro que ameaçam Glenn Greenwald com prisão são uma escalada inadequada e perigosa da resposta preocupante do governo brasileiro às reportagens do The Intercept Brasil“, disse em Nova York a coordenadora do Programa do CPJ para as Américas Central e do Sul, Natalie Southwick. “As autoridades brasileiras devem respeitar o direito constitucional dos jornalistas de fazer reportagens investigativas e de defender a prestação de contas pelo Poder”
Desde 9 de junho, o Intercept Brasil, site independente de jornalismo investigativo, publicou uma série de reportagens baseadas em documentos, gravações e mensagens privadas do WhatsApp vazadas anonimamente ao veículo de notícias, que levantaram questões éticas e legais sobre a conduta do ministro da Justiça brasileiro e do procurador que coordena a operação Lava Jato levando Greenwald e outros jornalistas a receber ameaças, conforme relatado pelo CPJ na época.
Greenwald é casado com David Miranda, congressista do Partido Socialismo e Liberdade, de esquerda, desde 2005, segundo a página oficial de Miranda.