Miami, 15 de março de 2019 – As autoridades venezuelanas devem conduzir uma investigação urgente e completa sobre o violento ataque ao repórter Tomasz Surdel, informou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Ontem, Surdel, correspondente na Venezuela para o jornal polonês Gazeta Wyborcza, estava dirigindo pelo distrito de Bello Monte, em Caracas, quando um grupo de homens armados parou seu carro, verificou sua identificação e o atacou, de acordo com seu empregador, posts na mídia social e grupos locais de liberdade de imprensa.
“Estamos alarmados com a profundidade e o ritmo da crescente violência e hostilidade aos jornalistas que trabalham na Venezuela, e estamos seriamente preocupados com sua segurança”, disse Natalie Southwick, Coordenadora do Programa da América Central e do Sul do CPJ, em Nova York. “As autoridades venezuelanas devem investigar imediatamente a agressão contra Tomasz Surdel e identificar os responsáveis.”
Homens armados em uniformes pretos pararam o carro de Surdel, pediram seus documentos de identificação e depois falaram no rádio com um terceiro desconhecido, disse ao CPJ o chefe do setor internacional da Gazeta Wyborcza, Bartosz Wielinski, que falou com Surdel.
Após a comunicação por rádio, os homens pediram que Surdel saísse do carro, colocaram um capuz em sua cabeça e começaram a espancá-lo no rosto e nas costelas, disse Wielinski ao CPJ. Eles apontaram uma pistola para a face de Surdel e puxaram o gatilho – a arma não estava carregada – antes de deixá-lo deitado na rua, disse Surdel ao Sindicato dos Trabalhadores de Imprensa da Venezuela.
O rosto de Surdel estava inchado e ele mal conseguia falar após o ataque, mas não havia ossos quebrados, segundo Wielinski e a Gazeta Wyborcza.
Wielinski disse ao CPJ que as reportagens da Gazeta Wyborcza sobre a Venezuela têm sido altamente críticas em relação ao governo de Maduro e que o jornal recebeu denúncias sobre sua cobertura da embaixada venezuelana em Varsóvia.
Um comunicado à imprensa da Gazeta Wyborcza descreveu os agressores como membros das Forças de Ação Especial da Polícia Nacional da Venezuela, uma unidade de comando da força policial. A Gazeta Wyborcza não forneceu nenhuma informação para apoiar esta alegação, que não pôde ser verificada de forma independente pelo CPJ.
Os telefonemas do CPJ ao Ministério Público da Venezuela, encarregado de investigar os crimes no país, ficaram sem resposta.
Jornalistas locais e internacionais cobrindo a atual crise política na Venezuela enfrentaram ameaças, assédio e violência nas mãos de vários grupos, incluindo forças de segurança do Estado, manifestantes e civis armados, documentou o CPJ.