Bogotá, 30 de maio de 2018 – As autoridades nicaraguenses devem investigar o ataque a uma emissora de rádio pró-governo em Manágua, capital, responsabilizar os agressores e garantir que os jornalistas que cobrem os distúrbios no país possam trabalhar em segurança, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Uma multidão armada com coquetéis molotov e morteiros caseiros atacou a estação Tu Nueva Radio Ya na segunda-feira, ateando fogo à entrada do prédio em meio a protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega, segundo as informações da imprensa.
Os bombeiros extinguiram as chamas, que causaram grandes danos à emissora. Cerca de 20 funcionários estavam no prédio, mas não ficaram feridos, de acordo com as informações da imprensa. O gerente da estação, Dennis Schwartz, disse que os agressores também roubaram equipamentos. “Estamos avaliando nossas perdas”, disse Schwartz a repórteres. “Eles roubaram consoles, computadores, uma geladeira e televisões. Essas pessoas são delinquentes”.
“Os jornalistas da Nicarágua devem ser livres para cobrir os protestos em curso sem enfrentar ameaças ou assédio tanto do Estado quanto dos civis”, disse em Nova York o diretor de programas do CPJ, Carlos Martínez de la Serna. “Os nicaraguenses merecem acesso a diversas fontes de notícias, e todas as partes devem respeitar o direito dos jornalistas de trabalhar livremente e com segurança, independentemente da afiliação política.
O ataque ocorreu durante um dia de violência que começou quando a tropa de choque avançou contra manifestantes antigovernistas que se encontravam na Universidade Nacional de Engenharia, em Manágua. Duas pessoas, incluindo um policial, foram mortas e pelo menos 40 pessoas ficaram feridas, segundo a cobertura da imprensa.
A agitação na Nicarágua, iniciada em 18 de abril, foi motivada pela decisão do governo Ortega de reformar o sistema previdenciário, aumentando as contribuições e reduzindo o pagamento aos aposentados. Em meio à crescente violência, o governo descartou o plano. Mas os manifestantes agora exigem que Ortega, que ocupou a presidência nos últimos 11 anos e liderou um governo marxista na década de 1980, deixe o cargo.
Em meio a confrontos entre os manifestantes, policiais e multidões pró-governo, 81 pessoas foram mortas e 868 ficaram feridas, segundo a Anistia Internacional. Além disso, as autoridades nicaraguenses reprimiram a cobertura dos protestos por meios de comunicação independentes, censurando a difusão de notícias e bloqueando transmissões de TV. Vários jornalistas foram feridos e um foi morto enquanto cobria os protestos, segundo a pesquisa do CPJ.