Cidade do México, 28 de março de 2018 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) saudou hoje a condenação de dois policiais do estado mexicano de Veracruz, que foram julgados por seu envolvimento no assassinato, em 2015, do jornalista Moisés Sánchez Cerezo. Os dois homens foram sentenciados a 25 anos de prisão em 23 de março, segundo um comunicado divulgado ontem pela Procuradoria Geral do Estado de Veracruz (FGE).
“O veredito é um passo bem-vindo em um caso que, durante anos, definhou em completa impunidade”, disse Jan-Albert Hootsen, representante do CPJ no México. “A fim de alcançar a justiça plena para Moisés Sánchez Cerezo, no entanto, as autoridades federais e de Veracruz devem agora avançar e fazer tudo o que estiver ao seu alcance para levar os suspeitos restantes, incluindo o mentor, a julgamento.”
Sánchez, de 49 anos, era editor do La Unión, um pequeno jornal que publicou e distribuiu na cidade de Medellín de Bravo, a cerca de 400 quilômetros a leste da Cidade do México, no estado de Veracruz. Em 2 de janeiro de 2015, ele foi sequestrado de sua casa por homens armados. Seu corpo desmembrado foi encontrado em 24 de janeiro.
Um ex-policial que se tornou traficante de drogas, Clemente Noé Rodríguez, foi preso logo após o sequestro de Sánchez e confessou ter cometido o assassinato com outros cinco ex-policiais, cujas identidades ainda são desconhecidas. Eles supostamente agiram sob as ordens do subchefe de polícia de Medellín, Martín López Meneses. Este último, por sua vez, supostamente recebeu a ordem do então prefeito de Medellín, Omar Reyes, que teria ficado furioso com a cobertura crítica de Sánchez, de acordo com um relatório do CPJ de maio de 2017. O paradeiro de Reyes e López Meneses é desconhecido, enquanto não fica claro se e quando Rodríguez será julgado pelo assassinato.
Os dois policiais condenados à prisão em 23 de março estavam perto do local do crime e, de acordo com o comunicado da FGE, não fizeram nada para impedir o assassinato. Eles foram condenados por deixarem de cumprir seu dever legal e por homicídio doloso.
“Este é um pequeno passo à frente, ainda há muitas prisões a serem feitas”, disse hoje ao CPJ Jorge Sánchez, filho da vítima.