Cidade do México, 29 de junho de 2017 – As autoridades mexicanas devem investigar com celeridade e credibilidade o suposto ataque contra o jornalista Rubén Pat, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Pat, cofundador da fonte de notícias on-line Semanario Playa News, disse ao CPJ que a polícia o espancou, o deteve durante a noite e o ameaçou por suas reportagens.
Pat, 41, disse ao CPJ que a polícia municipal de Playa del Carmen, no estado sulista de Quintana Roo, mandou que ele parasse sua motocicleta após sair de uma reunião com outros jornalistas em torno de 1h30 da manhã em 25 de junho.
Quando o jornalista cumpriu a ordem, foi algemado e violentamente empurrado para dentro do carro da polícia, contou ele.
“Eles colocaram uma camiseta sobre minha cabeça e começaram a me chutar enquanto dirigiam”, disse Pat ao CPJ. “Pelo menos um deles repetidamente socou meu rosto”.
Pat disse que a polícia continuou batendo nele enquanto dirigiam por cerca de 40 minutos, ameaçando-o. “Eles me disseram para não publicar artigos sobre um chefe da polícia local e que eu sabia o que seria de mim se o fizesse”. A polícia municipal não respondeu aos vários pedidos do CPJ por comentários feitos por telefone e pelas redes sociais hoje.
“As autoridades estaduais e federais mexicanas devem investigar as sérias alegações de que a polícia bateu e ameaçou o jornalista Rubén Pat e assegurar que ele possa fazer seu trabalho sem medo de represálias”, disse em Nova York Alex Ellerbeck, pesquisadora sênior do Programa das Américas do CPJ. “A única maneira de proteger os jornalistas no México é combater a impunidade desenfreada que permite que os jornalistas sejam atacados sem consequências para os perpetradores”.
Pat disse que os policiais finalmente pararam na principal delegacia da polícia local, aproximadamente às 2:00 da manhã, e que ele foi preso por várias horas em uma cela com cerca de duas dúzias de outras pessoas, antes que pudesse fazer um telefonema. Por volta das 6:00 da manhã, um membro da família obteve sua liberação pagando uma fiança a um juiz presente na delegacia, mas Pat disse ao CPJ que nunca foi informado sobre as acusações que tinham sido apresentadas contra ele: “Não recebi nenhum documento me dizendo por que fui preso ou por que me mantiveram preso “.
Pat disse que os policiais estavam irritados com um artigo curto publicado em 30 de maio, no qual ele informou sobre várias faixas que membros de uma gangue criminosa supostamente penduraram em torno da Playa del Carmen, acusando o chefe da polícia local de ter “vendido” a Playa del Carmen para um grupo criminoso rival.
O jornalista disse ao CPJ que o ataque o deixou com cortes e contusões no tronco e face, e que agora sofre de dores de cabeça e visão embaçada. Ele também falou que teme por sua segurança e a de sua família: “Eu quase não deixei minha casa desde o que aconteceu. Os carros da polícia estão passando por minha casa nos últimos dias. Eu tenho medo de sair. Eu também estou preocupado porque eu não tenho dinheiro para pagar tratamento médico “.
Pat disse que informou o ataque às autoridades do estado de Quintana Roo e ao Mecanismo Federal de Proteção de Jornalistas e Defensores de Direitos Humanos, que implementa medidas de segurança para repórteres que sofrem violência e ameaças, e que planeja denunciar o ataque ao Procurador Federal Especial para a Atenção aos Crimes contra a Liberdade de Expressão (FEADLE) esta semana.
Pat cofundou o Semanario Playa News há oito meses, com dois outros repórteres, como um portal de notícias nas mídias sociais. Ele contou ao CPJ que havia trabalhado como repórter em diferentes meios de comunicação em Quintana Roo havia 13 anos, até que decidiu que queria começar seu próprio site de notícias. Embora o Playa News esteja agora disponível apenas no Facebook, ele espera transformá-lo em um site de notícias autônomo. O Playa News cobre principalmente crimes, acidentes e políticas locais nos municípios de Solidaridad, a que Playa del Carmen pertence, e Benito Juárez, que inclui a cidade de Cancún. Tanto Playa del Carmen quanto Cancún são destinos turísticos populares.
O México está emparelhado com o Iraque como os dois países mais letais do mundo para o exercício do jornalismo em 2017. De acordo com a pesquisa do CPJ, pelo menos quatro jornalistas foram assassinados no México este ano em retaliação direta por seu trabalho, incluindo repórteres bem conhecidos como Miroslava Breach e Javier Valdez Cárdenas. O CPJ está investigando o motivo do assassinato do repórter do El Político Ricardo Monlui Cabrera, em março.
Os ataques à imprensa também são uma ocorrência comum em Quintana Roo. Em 29 de maio, Carlos Barrios, repórter da revista Aspectos, de Playa del Carmen, foi atacado e ameaçado por um agressor desconhecido, que também ameaçou seu editor, Eduardo Rascón.