Cidade do México, 12 de dezembro de 2016 – A polícia do estado mexicano nortista de Chihuahua deve realizar uma investigação profunda e crível sobre o assassinato de Jesús Adrián Rodríguez Samaniego, jornalista que trabalhava para as emissoras Antena 102.5 FM e Antena 760 AM, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Rodríguez foi assassinado a tiros em 10 de dezembro, disseram seus colegas ao CPJ.
Segundo informações da Imprensa, Rodríguez havia recentemente deixado sua residência no bairro de Santa Rosa na cidade de Chihuahua, por volta das 7h30, a caminho de participar da “Mesa de Repórteres”, um programa de entrevistas realizado aos sábados, quando agressores não identificados interceptaram sua Nissan Tsuru verde e dispararam oito tiros com um revólver .45. Rodríguez foi atingido três vezes na cabeça e no pescoço, e morreu no local, segundo as informações da imprensa. Outros veículos de impressa informaram que a vítima foi atacada por um ou dois pistoleiros, mas em uma conferência de Imprensa horas depois do ataque, Carlos Mario Jiménez, procurador de justiça da região central de Chihuahua, se absteve de confirmar qualquer um desses detalhes, citando a investigação em curso.
“Quem tenha tido um papel no homicídio do jornalista de rádio Jesús Adrián Rodríguez Samaniego deve ser oportunamente processado”, afirmou em Nova York o coordenador sênior do programa da Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades mexicanas devem demonstrar que os jornalistas não podem ser assassinados com impunidade”.
Segundo Jiménez, a Procuradoria Geral do estado de Chihuahua está investigando se o jornalismo foi o motivo do homicídio. Um porta-voz da procuradoria disse ao CPJ que não havia novos detalhes da investigação desde a coletiva de imprensa do sábado.
Rodríguez, de 41 anos, havia começado a trabalhar para a Antena havia oito meses, depois de atuar como repórter criminal para o jornal El Heraldo de Chihuahua e para a emissora Nueva Era Rádio, assim como outros veículos de imprensa. A diretora de notícias da Antena, Angélica Delgado, informou ao CPJ que Rodríguez cobria majoritariamente política no estado, acrescentando que não havia indicações de que tivesse recebido ameaças por seu trabalho como jornalista.
“Estamos tentando entender o que aconteceu”, afirmou Delgado ao CPJ. “Nenhum de seus amigos, colegas, ou familiares com os quais falei tampouco sabiam de ameaças contra ele”.
Depois do ataque, o El Heraldo de Chihuahua informou que um dos possíveis motivos do assassinato poderia estar vinculado a uma investigação de Rodríguez em 2013 sobre o encarceramento de dois irmãos no estado nortista de Sinaloa. Eles estão atualmente detidos como suspeitos de um ataque de julho de 2009 contra um grupo de veículos de um programa de promoção social do governo que resultou na morte de dois policiais e de um funcionário público federal da Secretaria de Desenvolvimento Social. Segundo a reportagem, uma irmã dos homens havia dito a Rodríguez em uma entrevista há vários dias que seus irmãos havia sido falsamente acusados
O CPJ não pode confirmar imediatamente a informação. Delgado disse ao CPJ que não sabia que Rodríguez estava trabalhando nessa reportagem.
O México é um dos países mais perigosos para a imprensa nas Américas. Pelo menos 37 jornalistas e quatro trabalhadores de mídia foram assassinados por seu trabalho desde que o CPJ começou a compilar esses registros em 1992. Outros 48 jornalistas foram mortos em circunstancias pouco claras, segundo a pesquisa do CPJ.