Nova Iorque, 17 de maio de 2016 – As autoridades mexicanas devem investigar de forma exaustiva a morte do jornalista Manuel Santiago Torres González, que foi assassinado a tiros, no sábado, na cidade de Poza Rica, em Veracruz, estado da costa leste, e julgar os responsáveis, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Segundo informações da imprensa local, um agressor não identificado atirou na cabeça de Torres perto das 3 horas da tarde no bairro de Cazones em Poza Rica, quando o jornalista caminhava de regresso a sua casa após cobrir um ato eleitoral em Tuxpna, uma cidade próxima, segundo versões jornalísticas. Torres deixa esposa e dois filhos.
“As autoridades mexicanas devem investigar a fundo o assassinato de Manuel Santiago Torres González, estabelecer o motivo processar todos os autores”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Veracruz converteu-se no estado mais letal para a imprensa em um dos países mais perigosos do mundo para o exercício do jornalismo”.
Torres, de 48 anos, era o diretor do portal de Internet Noticias MT. Também era assistente de um vereador local, expressou em uma declaração a Procuradoria-Geral de Justiça de Veracruz. No passado, Torres havia trabalhado como repórter para o portal Radiover.com e para o jornal El Noreste de Poza Rica, e como correspondente para o canal nacional TV Azteca, segundo informes da imprensa. Também havia sido colaborador frequente de varias publicações regionais e havia sido agraciado com o Premio Estatal de Jornalismo em 2009.
Pelo menos seis jornalistas foram assassinados, em represália direta por seu trabalho informativo, desde que o governador Javier Duarte de Ochoa assumiu o cargo em 2010. Pelo menos outros oito jornalistas que viviam ou trabalhavam em Veracruz foram assassinados por motivos não esclarecidos no mesmo período e foi denunciado o desaparecimento de pelo menos outros três jornalistas do estado, segundo dados do CPJ.
A comissão estatal de Veracruz para a proteção dos jornalistas condenou o assassinato e, em uma declaração breve, instou as autoridades a realizar uma investigação. A Procuradoria-Geral de Justiça de Veracruz apenas identificou Torres como “colaborador de um Prefeito da Junt)”.
Colegas de Torres e outras pessoas que o conheciam afirmaram em entrevista ao CPJ que não estavam a par de nenhuma ameaça específica contra o jornalista. Um ex-companheiro de trabalho, que solicitou o anonimato por temor a represálias, afirmou que ele e muitos de seus colegas jornalistas estavam “desconcertados” pelo assassinato.
De acordo com o colega de Torres, o jornalista havia lançado Noticias MT no ano passado, e publicava notícias sobre temas locais. O jornalista declarou ao CPJ que a vítima havia informado sobre eventos e notícias policiais quando trabalhava para o El Noreste de Poza Rica, mas há vários anos havia deixado de informar completamente sobre a violência e a criminalidade. Recentemente Torres havia coberto campanhas eleitorais na região e exames para professores locais.
“Realmente já não sabemos de onde vem os ataques”, declarou ao CPJ o mesmo jornalista. “Este é outro golpe para o jornalismo no estado”.
Veracruz é um eixo do narcotráfico e do tráfico de pessoas e tem sido cenário de violentas lutas entre grupos de crime organizado por quase uma década. Poza Rica com frequência tem sido o epicentro da violência.
O México é um dos países mais perigosos do mundo para exercer o jornalismo, segundo dados do CPJ. Desde 1992, pelo menos 36 jornalistas foram assassinados por seu trabalho informativo, enquanto dezenas de outros morreram em circunstancias não esclarecidas. O México ocupou o oitavo posto no Índice de Impunidade de 2015 do CPJ, que foca os países onde jornalistas são assassinados e seus perpetradores ficam livres.