Nova York, 22 de fevereiro de 2016 – O jornalista mexicano Moisés Dagdug Lutzow, dono da empresa de comunicação Grupo VX, foi assassinado a punhaladas no sábado em sua casa em Villahermosa, estado de Tabasco, segundo informações da imprensa local. Dagdug apresentava um programa semanal na TVX, a emissora de televisão do grupo.
O assassinato de Dagdug ocorre quando ao menos um jornalista foi morto em represália por seu trabalho no México e o CPJ está investigando o motivo de um terceiro homicídio.
Os agressores esfaquearam Dagdug antes de fugir no carro do jornalista, segundo as informações da imprensa. Seu carro e uma faca que pode ter sido utilizada no ataque foram encontrados abandonados em uma rodovia a aproximadamente 15 quilômetros de distância. Testemunhas disseram ter visto dois homens fugindo do veículo, segundo informações.
Ángel Antonio Jiménez, diretor de notícias do Grupo VX, disse ao CPJ que havia chamado a polícia e uma irmã do jornalista depois de ouvir um forte ruído, enquanto estava no escritório localizado na frente da casa de Dagdug, por volta das 7h00. Jiménez disse que o barulho foi provocado pelo carro de Dagdug atravessando o portão fechado em frente à sua casa. Contou ao CPJ que os investigadores haviam recebido as gravações das câmeras de segurança da emissora que mostravam dois homens manobrando o carro através da porta, após fugir da casa de Dagdug.
“As autoridades federais devem adotar ações decisivas para combater a grave crise da liberdade de imprensa enfrentada pelo México”, declarou o coordenador sênior do programa do CPJ para as Américas, Carlos Lauría. “Isto significa uma investigação rigorosa do assassinato de Moisés Dagdug Lutzow e levar em conta todos os motivos, inclusive a possibilidade de que tenha sido um homicídio em represália por seu exercício profissional”.
A procuradoria do estado de Tabasco divulgou um comunicado no sábado e informou que estava investigando o assassinato. Um representante da procuradoria disse ao CPJ que os responsáveis pela investigação não estavam disponíveis para fazer comentários de forma imediata.
Dagdug, que apresentava o programa semanal de análises “De Frente a Tabasco”, informava sobre política local e temas sociais sensíveis, incluindo uma onda recente de violência e assassinatos em Tabasco, Jiménez contou ao CPJ. Em um episódio de 5 de janeiro, Dagdug denunciou que havia recebido ameaças por sua linha editorial crítica. Acrescentou que os políticos em Tabasco não estavam acostumados a ser criticados e que apesar das ameaças, não tinha medo e ia “continuar informando”.
Jiménez explicou ao CPJ que Dagdug não havia denunciado as ameaças às autoridades. Acrescentou que a casa do jornalista foi invadida duas vezes no ano passado e que laptops e computadores haviam sido roubados. Jiménez também disse que o jornalista havia renovado a segurança de sua casa recentemente.
Dagdug foi deputado federal do Partido da Revolução Democrática (PRD) de 2006-2009.
O México é um dos países mais perigosos do mundo para a imprensa, segundo a pesquisa do CPJ. Ao menos 36 jornalistas foram assassinados por seu trabalho desde que o CPJ começou a documentar estes casos em 1992, O país está em oitavo lugar no Índice de Impunidade do CPJ de 2015, que destaca os países onde os jornalistas são mortos e seus homicidas ficam livres.