Nova York, 24 de junho de 2014 – As autoridades do Paraguai devem conduzir uma eficiente investigação sobre o assassinato de um apresentador de rádio e advogado na quinta-feira, estabelecer o motivo e levar os responsáveis à justiça, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
Edgar Pantaleón Fernández Fleitas foi morto a tiros por um agressor que entrou em seu escritório de advocacia em sua casa, na cidade de Concepción, antes de fugir em uma motocicleta onde um homem o aguardava do lado de fora, segundo os relatos da imprensa. Fernández, um advogado de prática geral, havia retornado para casa após apresentar o seu programa de rádio “Ciudad de la fúria” (Cidade da Fúria) que ia ao ar durante a semana na estação de rádio comunitária Belén Comunicações. O programa foi duramente crítico a juízes locais, advogados e funcionários do escritório do Procurador-geral, que o jornalista acusou de corrupção, segundo as informações da imprensa.
Em uma entrevista para a emissora de rádio Cardinal AM, a procuradora do distrito de Concepción, Dora Irrazábal, disse acreditar que o assassinato de Fernández está relacionado aos seus comentários no programa de rádio, e não ao seu trabalho como advogado.
O ministro do Interior, Francisco Vargas, disse aos jornalistas que o motivo ainda não havia sido estabelecido. No sábado, as autoridades prenderam um indivíduo que disseram ser suspeito de ser o atirador, mas nenhum detalhe foi oferecido sobre o motivo, segundo as informações da imprensa.
Esse é o segundo assassinato de um apresentador de rádio crítico paraguaio em menos de seis semanas. Fausto Gabriel Alcaraz Garay foi morto em Pedro Juan Caballero em 16 de maio. Pedro Jan Cabellero e Concepción, próximo da fronteira brasileira, são centros de contrabando e do crime organizado, de acordo com reportagens da imprensa. Concepción é também o lar de um grupo guerrilheiro conhecido como Exército do Povo Paraguaio ou EPP. As cidades são áreas particularmente perigosas para jornalistas e estações de rádio são frequentemente usadas para lançar acusações de atividades criminosas a rivais políticos, segundo a pesquisa do CPJ.
“O Paraguai não deve deixar que se estabeleça um padrão no qual apresentadores de rádio críticos são mortos, o motivo nunca é explicado, e ninguém nunca é condenado”, disse o coordenador sênior do programa das Américas, Carlos Lauría. “Instamos as autoridades a chegar ao fundo desses assassinatos o mais rapidamente possível”.