Nova York, 3 de abril de 2014 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena o ataque ocorrido hoje mais cedo contra Adrián López Ortiz, diretor-geral do Grupo Noroeste, grupo de mídia proprietário do jornal Noroeste, no estado de Sinaloa. O CPJ também está alarmado pela série de ameaças e assédio contra o jornal nas últimas semanas e urge as autoridades a levar os responsáveis à justiça.
“As autoridades mexicanas devem investigar meticulosamente estas recentes ameaças e ataques, incluindo qualquer possível envolvimento de funcionários públicos locais, e estabelecer se eles estão ligados às reportagens do Noroeste”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “As autoridades devem garantir a segurança do pessoal do jornal e assegurar que eles possam continuar informando sobre assuntos sensíveis de interesse público”.
Pouco depois da meia-noite de hoje em Sinaloa, homens armados cercaram o carro de Lopez com seus veículos quando ele retornava para casa do aeroporto, informou o Noroeste. Os homens forçaram López a sair do seu carro, o espancaram e o roubaram. Antes de fugirem no veículo de López, um dos agressores voltou para onde López estava deitado no chão e atirou em sua perna, segundo o jornal. López procurou tratamento em um hospital local.
O procurador-geral do estado disse a repórteres que seu gabinete abriria uma investigação sobre o ataque e investigaria todos os motivos, noticiou o Noroeste.
O jornal tem sofrido uma série de ameaças, perseguições e ataques desde sua cobertura sobre a captura, no final de fevereiro, de um notório chefe do cartel de Sinaloa, Joaquim “El Chapo” Guzmán, que estava foragido há anos. O Noroeste informou que o jornal recebeu ameaças anônimas por telefone logo depois que funcionários do governo se recusarem a comentar uma história que o jornal estava cobrindo que alegava que agentes policiais de Sinaloa estariam envolvidos na proteção de Guzmán antes de sua captura. Em 2 de março, três repórteres do Noroeste foram espancados por policiais e tiveram seus equipamentos confiscados enquanto cobriam um protesto de residentes locais em apoio a Guzmán, informou o jornal. Dois policiais foram suspensos por sua participação no ataque, de acordo com o jornal e reportagens da imprensa.
O Noroeste também foi alvo no passado. Em setembro de 2010, dois membros de cartel abriram fogo usando AK-47s na recepção do escritório regional do Noroeste em Mazatlán. O pessoal do jornal foi diretamente ameaçado por uma mensagem do cartel rabiscada em um cobertor na cena do crime.
A violência relacionada ao crime organizado fez do México um dos países mais perigosos do mundo para os jornalistas, segundo a pesquisa do CPJ.
- Para mais informações e análises sobre o México, veja o informe do CPJ Ataques à Imprensa