Bogotá, 28 de junho de 2012 – As autoridades bolivianas devem investigar os ataques contra três rádios, nas últimas duas semanas, responsáveis por tirar as emissoras do ar, afirmou hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
“As autoridades não podem permitir que atores violentos impeçam o fluxo informativo”, afirmou em Nova York o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “Instamos as autoridades bolivianas a investigar completamente estes ataques, determinar os motivos e levar os responsáveis a julgamento”.
Na terça-feira, uma explosão na Radio Emisora Bolivia, estação comunitária na capital provincial de Oruro, causou graves danos e obrigou a suspensão das transmissões, de acordo com as informações da imprensa. Ninguém ficou ferido na explosão ocorrida às 4h30, mas o impacto danificou a antena e outros equipamentos avaliados em ao menos Us$ 4 mil, disse ao CPJ o diretor da emissora, Félix Condori. Ele não sabia precisar quando a rádio voltaria ao ar.
Condori afirmou ao CPJ que a rádio, que veicula programas com telefonemas de produtores e camponeses expressando descontentamento com o governo, foi alvo por seu foco nos direitos das pessoas pobres da região. Ele não forneceu mais detalhes, nem mesmo sobre quem pensava poder ser responsável pelo atentado. Entretanto, a emissora está situada no mesmo edifício que a sede do partido governamental Movimiento al Socialismo (MAS). Um jornalista de Oruro, que pediu para não ser identificado, indicou ao CPJ crer que a explosão visava o escritório do MAS.
Não ocorreram prisões relacionadas ao ataque, segundo o noticiário.
Duas outras rádios foram danificadas por explosões de dinamite em 14 de junho, de acordo com informações da imprensa. A Radio Vanguardia, afiliada aos mineiros contratados pela empresa mineradora estatal, e a Radio Cumbre, afiliada a mineiros independentes que participam de uma cooperativa local, estão localizadas na cidade mineira de Colquiri. Mineiros dos dois grupos se enfrentaram neste mês pelo controle da maior mina de zinco e estanho da cidade. Existem rumores de que ambos os grupos atacaram a rádio do grupo opositor, disse ao CPJ o diretor-executivo da Associação Nacional de Imprensa, Juan León.
Ninguém foi ferido nas explosões, segundo as reportagens.
Silvano Cartagena, jornalista da Radio Vanguardia, disse ao CPJ que estava na emissora durante o atentado e que o teto do estúdio, a antena, consoles e auditório foram danificados. Ele acrescentou que a emissora permanecerá fora do ar até que possam comprar novos equipamentos.
Albino Garcia, presidente da cooperativa mineira local, contou ao CPJ que as explosões na Radio Cumbre destruíram a cabine de transmissão da emissora, computadores e antenas. Ele afirmou que não sabia quando a rádio voltaria ao ar.
Rádios bolivianas foram alvo no passado. Em novembro, um canal de televisão boliviano e sua rádio afiliada foram atacados e tirados do ar por partidários de um prefeito. A violência contra a imprensa tem diminuído nos últimos anos, depois de uma escalada de ataques em 2008 durante um período de intensa tensão política.