Nova York, 30 de agosto de 2011 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) está preocupado com as ações penais ainda pendentes contra dois executivos do jornal venezuelano 6to Poder, mas saúda a decisão da uma juíza que permite que a publicação do semanário seja retomada. Há uma semana, o proprietário e a diretora do periódico foram acusados de instigação pública ao ódio, insulto a funcionário público e ofensa pública em razão de gênero.
Na segunda-feira, a juíza Denisse Bocanegra revogou a medida cautelar da semana passada que proibiu a distribuição do jornal depois da publicação de um artigo satírico que foi considerado ofensivo para as mulheres e os funcionários públicos, segundo informações da imprensa local. No entanto, Pedro Aranguren, advogado do semanário, disse à agência Associated Press que o 6to Poder está proibido de fazer qualquer referência ao caso e de publicar qualquer conteúdo considerado ofensivo a funcionários públicos ou mulheres.
“Saudamos a decisão de revogar a proibição que recaía sobre o 6to Poder como um primeiro passo em direção à justiça neste caso”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Agora, os promotores devem retirar as acusações contra os diretores”.
Dinorah Girón, executiva sênior do jornal, foi detida em 21 de agosto e libertada dois dias depois, disse ao CPJ a presidente do Colégio Nacional de Jornalistas, Silvia Alegrett. Mas Girón deverá se apresentar ao tribunal a cada 15 dias e está proibida de fazer declarações aos meios de comunicação sobre o processo, acrescentou Alegrett. De acordo com a imprensa, foi emitida uma ordem de captura contra Leocenis García, proprietário do jornal. García, que está na clandestinidade, garantiu que se entregaria se garantissem a reabertura do semanário, informou a imprensa.
Em 20 de agosto, o semanário publicou um artigo com o título “As poderosas da revolução bonita” no qual indicava que várias juízas e funcionárias do alto escalão da administração do presidente Hugo Chávez cumprem papéis específicos em um “cabaré dirigido por Mister Chávez”, divulgou a imprensa. O artigo era ilustrado com uma montagem fotográfica que sobrepunha as cabeças das funcionárias a corpos de bailarinas de cabaré.