Nova York, 1º de junho de 2011 – O líder de um cartel de drogas confessou no domingo ter assassinado o jornalista mexicano Noel López Olguín, colunista de um pequeno jornal de Veracruz que havia desaparecido em março, segundo as informações da imprensa local. Gustavo Salas, promotor especial para crimes contra a liberdade de expressão da Procuradoria Geral da República, disse na terça-feira ao CPJ que seu escritório investigará o caso.
Na tarde de domingo, o exército mexicano prendeu um suposto líder de segundo nível do crime organizado que admitiu ter assassinado López, segundo as informações da imprensa de Coatzacoalcos, uma cidade em Veracruz. López, colunista do jornal La Verdad de Jáltipan, foi sequestrado em 8 de março por homens armados em uma picape, disseram ao CPJ autoridades locais.
Reportagens da imprensa na segunda-feira indicaram que o assassino confesso, Alejandro Castro Chirinos, de 36 anos, também admitiu o homicídio de quatro policiais. As matérias da imprensa não informavam nenhum motivo para os assassinatos Uma câmera Cannon, pertencente ao jornalista, foi recuperada durante a prisão, divulgou a imprensa.
Os jornalistas que cobrem o estado sustentam que o grupo criminoso conhecido como Los Zetas tem uma forte presença na região de Jáltipan e a polícia não tem capacidade de enfrentar os criminosos ou está trabalhando sob suas ordens. O titular da Comissão Estadual para a Defesa dos Jornalistas, Gerardo Perdomo, disse que López escrevia artigos e colunas incisivamente críticas sobre a corrupção local.
“Instamos as autoridades federais do México a realizar um acompanhamento das revelações do assassino confesso e a investigar minuciosamente o desaparecimento de Noel López Olguín”, afirmou Carlos Lauría, coordenador sênior do CPJ.
A esposa de López, María, e seus dois irmãos informaram ao CPJ que ele tinha uma longa carreira como colunista do La Verdad de Jáltipan e também como colaborador e fotógrafo de vários meios de comunicação no estado de Veracruz, incluindo os semanários Noticias de Acayucan e Horizonte. Editores e proprietários destes meios de comunicação, entretanto, pareciam querer manter certo distanciamento entre eles e López. Disseram ao CPJ que haviam trabalhado com ele anos atrás, umas duas vezes no ano passado ou que ele nem sequer havia colaborado. Colegas do La Verdad de Jáltipan negaram que López tenha trabalhado para o jornal ou disseram nunca ter ouvido falar dele.
O medo de represálias os manteve em silêncio, segundo um funcionário da comissão estadual que pediu para permanecer anônimo. Informes da imprensa local acrescentaram que os donos do jornal em Jáltipan, pai e filho, foram levados por homens armados durante várias horas em fevereiro.
A violência do narcotráfico converteu o México em um dos países mais perigosos para a imprensa, segundo uma pesquisa do CPJ. Onze jornalistas foram assassinados no país desde 2010, ao menos três deles em represália direta por seu trabalho. O CPJ continua investigando para determinar se as outras oito mortes tiveram relação com o trabalho jornalístico das vítimas.