Nova York, 7 de março de 2011–O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) saúda a libertação do repórter independente Pedro Argüelles Morán, que saiu da prisão na sexta-feira, e insta as autoridades a eliminar todas as condições de sua libertação. Argüelles Morán foi o último dos 29 jornalistas presos durante a ofensiva governamental contra a dissidência a obter permissão para sair do cárcere em liberdade condicional.
Na tarde de sexta-feira, a esposa de Argüelles Morán, Yolanda Vera Nerey, e um porta-voz da Igreja católica confirmaram a libertação iminente do jornalista, segundo informou a agência The Associated Press; o repórter voltou para a sua casa na região central de Cuba na noite de sexta-feira, segundo as informações da imprensa. Em uma entrevista com o CPJ realizada hoje, Argüelles Morán, que era diretor da agência de notícias Cooperativa Avileña de Jornalistas Independentes na província central de Ciego de Ávila, disse que pode voltar a ser preso se violar as condições de sua libertação. O jornalista ressaltou a sua intenção de continuar seu trabalho em favor da democracia em Cuba, mas disse que ainda não sabe se voltará a trabalhar em sua agência: “Vou continuar batalhando, ainda que volte para a prisão”, disse ao CPJ. “E vou fazê-lo aqui, em Cuba, o país que eu amo.”
“Estamos aliviados que Pedro Argüelles Morán tenha sido finalmente liberado, mas preocupados que sua libertação inclua certas condições”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Instamos as autoridades cubanas a eliminar as condições impostas para a libertação de Argüelles Morán e de seus colegas, e a permitir que os jornalistas cubanos possam informar sem interferências.”
Argüelles Morán foi sentenciado em abril de 2003 a 20 anos de prisão sob a Lei 88 de Proteção da Independência Nacional e Econômica de Cuba. No momento de sua libertação, estava encarcerado na prisão Canaleta em sua província natal, segundo informou sua esposa ao CPJ. Ela explicou que o marido sofria de enfermidades nos ossos, problemas respiratórios e catarata em ambos os olhos. O repórter disse ao CPJ que precisava realizar as cirurgias para remover as cataratas com urgência.
A libertação de Argüelles Morán ocorreu semanas antes do oitavo aniversário da investida em massa contra a dissidência que resultou na prisão de 75 dissidentes, entre eles 29 jornalistas independentes, conhecida como Primavera Negra. Ele foi libertado como parte de um acordo estabelecido em 7 de julho de 2010, segundo o qual as autoridades cubanas deveriam libertar os 52 prisioneiros da Primavera Negra que ainda estavam presos em um período de “entre três e quatro meses”, informou um comunicado da igreja católica divulgado naquela data.
Argüelles Morán, de 62 anos, é o terceiro jornalistas entre os detidos na Primavera Negra a permanecer em Cuba. Os jornalistas Héctor Maseda Gutiérrez e Iván Hernándes Carrilho foram libertados sob licença extrajudicial em fevereiro e estão com suas famílias no país. Os outros 17 jornalistas viajaram imediatamente após a libertação para a Espanha (um se transferiu para o Chile e dois se mudaram para os Estados Unidos). Em uma carta enviada em 9 de fevereiro ao presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, o CPJ instou a Espanha a persuadir as autoridades cubanas a cumprir a promessa de libertar os jornalistas presos durante a repressão de 2003.
Com a libertação de Argüelles Morán, apenas um jornalista permanece preso em Cuba. Albert Santiago Du Bouchet Hernández, diretor da agência independente de notícias Havana Press, foi sentenciado em maio de 2009 a três anos de prisão por acusações de desacato e distribuição de propaganda inimiga. Segundo seu colega Roberto De Jesús Guerra, Du Bouchet Hernández tem enfrentado péssimas condições carcerárias, incluindo má alimentação e o transbordamento de esgoto.
Clique aqui para ler as crônicas escritas na primeira pessoa pelos jornalistas cubanos libertados em uma série do blog do CPJ “Depois da Primavera Negra”.