Nova York, 14 de fevereiro de 2011 – O Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ) instou hoje as autoridades cubanas a eliminar todas as condições para a libertação do jornalista Héctor Maseda Gutiérrez, que foi liberado sob condicional no sábado. Maseda Gutiérrez é membro fundador da agência de notícias independente Grupo de Trabajo Decoro e foi laureado com o Prêmio à Liberdade de Imprensa do CPJ, em 2008.
Em um breve comunicado em seu site, a Igreja Católica cubana informou que Maseda Gutiérrez, de 67 anos, e o dissidente Eduardo Díaz Fleitas teriam permissão para permanecer em Cuba sob uma “licença extrajudicial”. No entanto, informações da imprensa ressaltaram que Maseda Gutiérrez havia recusado a oferta do governo de ser libertado sob condicional e, em vez disso, pedira um indulto. Também pediu que presos políticos em más condições de saúde fossem imediatamente libertados.
Em uma entrevista em vídeo, publicada no site de notícias Diario Vasco no sábado, Maseda Gutiérrez explicou de sua casa, no centro de Havana, aos repórteres: “Fui obrigado a sair da prisão contra a minha vontade. Eu nunca aceitei a forma como me liberaram, sob licença extrajudicial. Eu nunca aceitei isso”. No domingo, o jornalista se uniu às Damas de Branco, um grupo formado pelas esposas dos detidos para chamar a atenção sobre a situação deles, em sua procissão dominical, segundo as informações da imprensa nacional e internacional.
“Pedimos a libertação incondicional de Maseda Gutiérrez e a eliminação da ‘licença extrajudicial’ para que sua liberdade seja absoluta”, declarou Robert Mahoney, subdiretor do CPJ. “Também exigimos a libertação incondicional de todos os jornalistas cubanos, em cumprimento ao acordo aceito pelo governo cubano em julho.”
Maseda Gutiérrez foi libertado depois de quase oito anos na prisão como parte de um acordo realizado em 7 de julho de 2010, segundo o qual as autoridades cubanas deveriam libertar os 52 prisioneiros da Primavera Negra em um período “de três a quatro meses”, segundo um comunicado da igreja divulgado naquele dia. Este é o primeiro jornalista, entre os detidos durante a Primavera Negra, que permanecerá em Cuba. Os outros 17 jornalistas libertados viajaram imediatamente para a Espanha. (Um se transferiu para o Chile e dois se mudaram para os Estados Unidos).
Maseda Gutiérrez, de 67 anos, estava cumprindo uma pena de 20 anos de prisão após sua detenção durante a ofensiva contra a dissidência e a imprensa independente de março de 2003. Em um julgamento sumário e a portas fechadas, ele foi acusado sob o Artigo 91 do Código Penal por agir “contra a independência e integridade territorial do Estado”, e sob a Lei 88 de Proteção da Economia e Independência Nacional. Sua esposa, Laura Pollán, ressaltou que o marido sofria de hipertensão arterial e doenças de pele durante seu encarceramento.
Com a libertação de Maseda Gutiérrez, três jornalistas permanecem presos em Cuba. Pedro Argüelles Morán e Iván Hernández Carrillo estão entre os poucos dissidentes restantes detidos na ofensiva de 2003 que expressaram seu desejo de permanecer em Cuba após sua libertação, de acordo com familiares dos repórteres. O terceiro jornalista, Albert Santiago Du Bouchet Hernández, foi preso em abril de 2009.
Em uma carta enviada na quarta-feira passada ao presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, o CPJ instou a Espanha a persuadir as autoridades cubanas a cumprir sua promessa de libertar os jornalistas encarcerados durante a investida de 2003. Segundo informações da imprensa, os jornalistas presos Argüelles Morán e Du Bouchet Hernández iniciaram uma greve de fome na semana passada para chamar a atenção para seu encarceramento e o de outros prisioneiros políticos.
O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, que se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo.