Nova York, 12 de outubro de 2010 – O jornalista cubano Alfredo Felipe Fuentes foi libertado e enviado para o exílio na Espanha na sexta-feira, como parte de um acordo realizado em julho entre o governo cubano e a Igreja Católica. Dezessete jornalistas presos na onda repressiva de 2003, conhecida como Primavera Negra, foram libertados e enviados ao exílio como parte do acordo.
“Sinto como se tivesse nascido novamente, tentando me acostumar com celulares, computadores pessoais e e-mails, coisas que não eram muito conhecidas em Cuba antes de eu ser preso”, disse Fuentes em uma entrevista ao CPJ por telefone.
Fuentes afirmou que nunca quis sair de Cuba, mas sete anos de encarceramento tornaram claro que era muito complicado ficar. “Foi muito difícil tomar a decisão de sair, mas era ainda mais difícil recusar a oferta e permanecer na prisão”, explicou.
Fuentes, jornalista free-lance radicado na cidade de Artemisa, começou a cumprir uma sentença de 26 anos de prisão em março de 2003. Ele chegou à Espanha na sexta-feira, pouco depois do meio-dia, acompanhado por dez membros de sua família.
Em julho, a Igreja Católica negociou um acordo com as autoridades cubanas para libertar 52 prisioneiros políticos que haviam sido detidos há sete anos, durante a onda repressiva contra a dissidência política e o jornalismo independente. Funcionários do governo espanhol também participaram das negociações.
Os 17 jornalistas libertados até agora foram enviados imediatamente para a Espanha. (Apenas um decidiu transferir-se e instalar-se de forma permanente no Chile).
Três jornalistas detidos durante a repressão de 2003 continuam na prisão, junto com um quarto repórter que foi encarcerado posteriormente, segundo uma pesquisa do CPJ. Os três primeiros – incluindo o jornalista Héctor Maseda, premiado pelo CPJ – já expressaram seu desejo de permanecer em Cuba após sua libertação, informaram seus familiares ao CPJ.
Uma notícia publicada em setembro pelo jornal El País, com sede em Madri, informou que funcionários espanhóis disseram que os jornalistas presos que desejam permanecer em Cuba depois da soltura serão libertados sob um sistema de liberdade condicional. O governo cubano não confirmou o uso de tal sistema.
Neste link é possível acessar as informações sobre o caso de Fuentes publicadas no censo anual do CPJ sobre jornalistas encarcerados, realizado em dezembro de 2009.