Nova York, 27 de setembro de 2010 – O jornalista cubano Miguel Galván Gutiérrez foi libertado da prisão e enviado para Madri no sábado, como parte de um acordo realizado em julho entre o governo de Havana e a Igreja Católica. Dezesseis jornalistas presos da onda repressiva de 2003, conhecida como Primavera Negra, foram libertados e enviados para o exílio como parte do acordo.
“Embora ainda esteja com alguns problemas de saúde decorrentes dos sete anos na prisão, estou pronto para continuar escrevendo e trabalhando a favor de ideais democráticos para Cuba”, garantiu Galván ao CPJ hoje, durante uma entrevista por telefone. Apesar de seu profundo desejo de continuar em Cuba, disse Galván, decidiu abandonar a ilha devido ao longo sofrimento pelo qual sua família passou. “Eu estava pronto para enfrentar qualquer obstáculo para exercer um jornalismo independente. Mas, assim que fui preso, percebi que todos os obstáculos foram transferidos para a minha família”, acrescentou.
Galván, jornalista da agência de notícias independente Habana Press, foi sentenciado a 26 anos de prisão pouco depois de sua detenção, durante a ofensiva em massa do governo contra a dissidência política e o jornalismo independente em 2003. Quatro jornalistas detidos durante a repressão de 2003 continuam presos, assim como outro detido posteriormente, segundo a apuração do CPJ.
Depois das negociações com líderes da igreja católica em Cuba, em julho o governo do presidente Raúl Castro concordou em libertar um total de 52 dissidentes políticos detidos na onda repressiva de 2003. Funcionários do governo espanhol também participaram das negociações.
Os 16 jornalistas libertados foram enviados imediatamente para o exílio na Espanha (um deles decidiu transferir-se para o Chile). Até o momento, o governo cubano não libertou jornalistas encarcerados que desejam permanecer na ilha depois da soltura.
Um artigo publicado na quinta-feira no jornal El País, da Espanha, citou fontes do governo espanhol para garantir que os repórteres que desejam permanecer em Cuba depois da libertação seriam liberados sob um regime especial de liberdade condicional. Grupos de direitos humanos com sede na ilha rechaçaram este sistema por considerá-lo uma forma de exercer controle sobre os detidos mesmo depois de sua libertação, informou o jornal El Nuevo Herald, com sede em Miami. O governo não confirmou se vai utilizar esse sistema de liberdade condicional.
Neste link estão disponíveis as informações sobre Galván publicadas no censo anual do CPJ sobre jornalistas encarcerados, realizado em dezembro de 2009.