Nova York, 13 de julho de 2010 – Seis jornalistas que passaram mais de sete anos na prisão por suas reportagens independentes e seus comentários chegaram hoje à Espanha no primeiro grupo do que se espera ser uma extensa libertação de prisioneiros políticos por parte do governo cubano.
“Estamos muito aliviados pela libertação de nossos seis colegas cubanos, o que já deveria ter ocorrido há muito tempo”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “Exortamos o governo cubano a fornecer prontas e detalhadas informações sobre a prometida libertação às angustiadas famílias dos jornalistas ainda presos. As autoridades cubanas devem agir com rapidez para liberar os demais jornalistas presos”.
Os jornalistas independentes Léster Luis González Pentón, Omar Ruíz Hernández, Julio César Gálvez Rodríguez, José Luis García Paneque e Pablo Pacheco Ávila chegaram ao aeroporto de Barajas em um voo da Air Europa, segundo informações da imprensa internacional. O jornalista Ricardo González Alfonso chegou em um outro voo da Ibéria, segundo a agência Associated Press, citando o Ministério de Relações Exteriores da Espanha. Outro prisioneiro político, identificado como o dissidente Antonio Villarreal, também estava entre os que chegaram hoje à Espanha.
“Não tenho nada para comemorar até que todos os meus colegas e prisioneiros políticos sejam libertados”, afirmou Pacheco Ávila em uma conversa telefônica com o CPJ desde Madri. Ele acrescentou que não descansará até que o governo do Presidente Raúl Castro garanta a liberdade de informação, incluindo o acesso à Internet, para todos os cubanos.
Pacheco Ávila agradeceu à Igreja Católica, ao governo espanhol e às organizações internacionais de direitos humanos por seu ativismo. “Gostaria de agradecer ao CPJ em especial por seu importante papel na defesa da libertação dos jornalistas presos”, completou.
Yamilé Lláñez Labrada, esposa do recém-libertado jornalista José Luis García Paneque, garantiu ao CPJ que seu marido estava emocionado e exausto após sua chegada a Madri. “Não conseguia parar de chorar; estava feliz e comovido ao mesmo tempo”, afirmou Llánez, que conversou com o CPJ do Texas, onde passou a morar após a prisão de seu marido.
A Igreja Católica em Havana, que liderou junto com a Espanha as negociações para a libertação dos prisioneiros, anunciou na semana passada que o governo cubano havia concordado em libertar um total de 52 presos políticos. O Ministro das Relações Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos, parece ter ido além hoje, declarando à Comissão Mista para a UE no Congresso que todos os prisioneiros políticos de Cuba serão libertados, segundo a agência espanhola de notícias EFE. Defensores dos direitos humanos em Cuba afirmam que há mais de 150 presos políticos no total.
Antes da libertação de hoje, a pesquisa do CPJ havia identificado 21 jornalistas encarcerados em Cuba por seu trabalho independente e suas opiniões. Com exceção de um, todos os jornalistas foram detidos em março de 2003, durante uma ofensiva contra opositores políticos e a imprensa independente conhecida como Primavera Negra.
O ministro espanhol das Relações Exteriores afirmou hoje que os cubanos exilados teriam status legal de imigrantes com residência e permissão de trabalho que os habilitaria a viajar e procurar emprego.
Neste link, é possível ler as informações sobre os jornalistas que chegaram hoje à Espanha após sua libertação. Os quadros informativos pertencem ao censo anual do CPJ sobre jornalistas encarcerados, realizado em dezembro de 2009.