Nova York, 21 de novembro de 2008–A sentença que ordenou a prisão do conhecido jornalista colombiano Alejandro Santos Rubino é um ato de censura, declarou o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Uma juíza de Bogotá ordenou a prisão de Santos, diretor da revista semanal Semana por não ter cumprido instruções da corte em uma ação legal por dano à honra, o bom nome e à intimidade.
A decisão de quinta-feira decorre de uma ação de tutela, recurso de amparo, iniciada por José Alfredo Escobar Araújo, antigo presidente do Conselho Superior do Judiciário, conforme Santos informou ao CPJ. Mediante a ação de tutela, Escobar alegou que a Semana e Santos, em sua condição de diretor da revista, haviam violado seus direitos à honra, ao bom nome e à intimidade em um artigo publicado em 28 de abril, que descrevia a relação próxima entre uma controvertida pessoa com supostas conexões com o tráfico de drogas e várias personalidades públicas, entre elas, Escobar, segundo as reportagens da imprensa local.
Em 11 de agosto, um juiz de Bogotá decidiu a favor de Escobar e ordenou à Semana que publicasse uma retificação, o que foi feito pela revista, explicou Santos ao CPJ. Em 12 de setembro, o Tribunal Superior do Distrito Judicial de Bogotá considerou insuficiente a retificação feita por a Semana e ordenou uma segunda retificação, de acordo com os informes da imprensa local. A Semana publicou uma segunda retificação, mas não seguiu as pautas exatas estabelecidas pelo Tribunal, que ordenavam que a revista publicasse a retificação em sua capa.
“Todo o processo legal esteve profundamente viciado e enfraquecia a vitalidade dos meios de comunicação ao permitir que um juiz determine o que pode e o que não pode ser publicado”, assinalou Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. “Ordenar a prisão de Alejandro Santos por desacatar uma ordem de retificação debilita as proteções para a liberdade de imprensa na Colômbia. Instamos as autoridades judiciárias colombianas a rechaçar o caso”.
A Semana foi importante na revelação de uma série de escândalos que sacudiram o governo do presidente Álvaro Uribe Vélez. No final de 2006, a revista publicou uma série de artigos investigativos sobre o vínculo entre grupos paramilitares de direita, funcionários públicos e políticos colombianos. Mais de 50 políticos e funcionários públicos foram presos como conseqüência, segundo os informes da imprensa.