Jornalista de rádio ferida enquanto cobria protesto

 
Nova York, 13 de setembro de 2007
– A jornalista argentina Adela Gómez ficou ferida na quarta-feira depois que efetivos da Gendarmería Nacional dispararam balas de borracha para reprimir um protesto de trabalhadores que bloqueavam uma rua na província de Santa Cruz, no sul do país.

Gómez, jornalista da emissora de rádio FM XXI na cidade de Caleta Olivia, aproximadamente 2.300 quilômetros ao sul de Buenos Aires, estava cobrindo um protesto sindical de trabalhadores da Empasa, uma companhia de petróleo. Um grupo estava bloqueando a rua, quando vários guardas decidiram desalojá-los para permitir a passagem de centenas de militantes kirchneristas que se dirigiam a um ato da campanha presidencial na capital da província, Río Gallegos, informou o matutino Clarín.

Quando os manifestantes se recusaram a liberar a rua, os guardas usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersá-los. Gómez foi atingida por duas balas de borracha no pé e foi levada a um hospital próximo para receber tratamento pelos ferimentos. A jornalista alegou que o ataque foi intencional, já que estava claramente identificada como jornalista. Acrescentou que recebeu o disparo logo após afirmar que era repórter, e se queixou de que os simpatizantes do governo caçoaram dela quando foi ferida, informou o jornal Página 12.

 

Mais tarde, no mesmo dia, o comandante da Gendarmería Nacional informou que o chefe da operação em Caleta Olivia e o guarda que disparou contra a jornalista foram suspensos de suas funções. Um promotor federal investiga se a Gendermería Nacional cometeu excessos, noticiou o Clarín. Gómez teve alta do hospital hoje.

“Estamos seriamente preocupados com o ataque contra nossa colega Adela Gómez e instamos as autoridades a investigarem a fundo as ações da Gendermería” disse Joel Simon, Diretor Executivo do CPJ. “É crucial que os jornalistas possam informar com liberdade, e sem temores de serem vítimas de atos violentos, sobre os problemas que afetam a Argentina no período prévio às eleições presidenciais”.

Santa Cruz, a província onde nasceu o presidente Néstor Kirchner, tem sido o centro de uma série de protestos sociais neste ano, em antecipação às eleições presidenciais de 28 de outubro. A senadora Cristina Fernández, esposa de Kirchner, é candidata à presidência pelo governista Frente para a Vitória, e desponta como favorita para sucedê-lo.