Segundo ataque contra o diário La Nación em menos de um mês

Nova York, 28 de março de 2005 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) fez um apelo para que sejam investigados a fundo, e com rapidez, os ataques a tiros realizados neste mês contra as instalações do diário La Nación em San José, capital costarriquenha.

Três indivíduos não identificados efetuaram vários disparos contra a sede do periódico de um carro em movimento aproximadamente às 4 da manhã do dia 23 de março, informou o La Nación. Ninguém ficou ferido no ataque, que causou leves danos às instalações. Com base em informações dos guardas de segurança e dos cartuchos de bala recuperados no local, a polícia suspeita que foi utilizada uma pistola calibre 38, segundo o La Nación.

Duas semanas antes um sujeito não identificado havia disparado várias vezes contra uma guarita de segurança do jornal, que permitia o acesso ao estacionamento e ao edifício administrativo. Aparentemente, o agressor entrou em um carro que o aguardava e fugiu do local após efetuar os disparos. O fato ocorreu na noite de 8 de março, informou o La Nación. Os guardas tiveram que se jogar no chão, mas não ficaram feridos.

“A Costa Rica tem fama de ser um país onde existe um amplo respeito pela liberdade de imprensa, mas estes incidentes de violência mancham essa reputação”, disse Ann Cooper, diretora executiva do CPJ. “O governo deve tomar medidas para garantir que os jornalistas possam exercer a profissão livremente e sem temor a represálias”.

Em 2001, Parmenio Medina Pérez, produtor e apresentador do programa de rádio “La Patada“, foi assassinado a balas pelas mãos de pistoleiros não identificados. O assassinato de Medina ainda não foi resolvido.

Armando González, chefe de redação do La Nación, comunicou ao CPJ que o diário não recebeu ameaças antes dos ataques, mas afirmou estar preocupado porquê alguém poderia estar tentando intimidar os jornalistas.

Nos últimos anos, La Nación tem publicado importantes denúncias de corrupção e tomado posições em temas de ampla repercussão. Em 2004, o La Nación desempenhou um papel chave ao divulgar escândalos de corrupção que terminaram com a prisão de dois ex-presidentes, Miguel Ángel Rodríguez e Rafael &Acute;ngel Calderón, acusados de aceitar subornos e, atualmente, em prisão domiciliar. A prisão de Rodríguez foi particularmente vergonhosa, posto que se viu obrigado a renunciar ao cargo de secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

O La Nación também apoiou o Tratado de Livre Comércio entre Estados Unidos e América Central (CAFTA, por sua sigla em inglês), que a Costa Rica subscreveu em 2004, mas ainda não ratificou. Na América Central, o CAFTA encontrou a firme oposição de alguns setores, entre eles sindicatos e organizações de camponeses.

FIN