Nova York, 2 de junho de 2003—Ao menos dois sujeitos não identificados mataram Nicanor Linhares Batista, apresentador de um programa de rádio e proprietário de uma emissora de rádio no estado do Ceará. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, por sua sigla em inglês) investiga se o assassinato está vinculado com o trabalho jornalístico do comunicador.
Nicanor, de 42 anos de idade, era proprietário da Rádio Vale do Jaguaribe, da cidade de Limoeiro do Norte. O radialista foi assassinado por volta das 20 horas da segunda-feira, 30 de junho, enquanto gravava o seu programa diário “Encontro Político”. Segundo o jornal Diário do Nordeste, da cidade de Fortaleza, capital do Ceará, os pistoleiros irromperam no estúdio e dispararam vários tiros à queima-roupa em Nicanor, e fugiram numa motocicleta. Um operador de rádio presenciou o assassinato. Nicanor foi levado ao Hospital Público do Norte, mas foi declarado morto ao chegar.
O jornal O Povo, de Fortaleza, citando a outros radialistas da região, informou que o programa “Encontro Político”, transmitido nos dias de semana entre 11h30 e 14h00, era um dos programas de maior audiência do Vale do Jaguaribe, onde está situada Limoeiro do Norte. Segundo O Povo, Nicanor era conhecido como um radialista polêmico cujos duros comentários haviam incomodado a muitos políticos e funcionários públicos locais.
De acordo com a agência noticiosa Agência Nordeste, a polícia declarou que o assassinato de Nicanor poderia tratar-se de crime encomendado e que o radialista tinha muitos inimigos por causa das acentuadas críticas que fazia no rádio. A polícia afirmou que seguia várias linhas de investigação e não havia determinado o motivo do crime.
O Diário do Nordeste citou declarações de Paulo Duarte, deputado estadual do Ceará, nas quais ele afirmou que havia sido inteirado sobre um plano para assassinar Nicanor e que Nicanor havia recebido ameaças. Segundo Duarte, o radialista havia combinado uma reunião, para 1º de julho, com ele e outro funcionário público para discutir a sua segurança pessoal.
“Estamos indignados com este assassinato, e enviamos nossos sentidos pêsames à família de Nicanor”, declarou Ann Cooper, diretora-executiva do CPJ. “Instamos às autoridades para que investiguem a fundo o assassinato e levam os autores à justiça”.