Rio de Janeiro, 20 de maio de 2022 – As autoridades do estado de Minas Gerais devem investigar detalhadamente o ataque ao jornalista Alexandre Megale e responsabilizar o autor do crime, disse o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) na sexta feira.
O jornalista Alexandre Megale afirmou que, no início da tarde de 16 de maio, foi agredido e atingido a pedradas por Paulo Luiz de Cantuária, vereador da cidade de Ouro Fino no estado brasileiro de Minas Gerais, segundo várias notícias veiculadas pela imprensa, uma declaração da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), e Megale, que conversou por telefone com a CPJ. Megale disse que o ataque machucou seu ombro, mão esquerda e cabeça.
Megale, que fundou o canal de notícias Canal Sul das Gerais no YouTube em abril de 2020, disse ao CPJ acreditar que Cantuária o agrediu em retaliação ao fato de o jornalista ter mencionado a sentença do vereador a 16 anos de prisão por estupro de vulnerável durante a transmissão de uma reportagem sobre outro caso similar de estupro. Megale havia já havia noticiado anteriormente a decisão do tribunal sobre o caso de Cantuária, em 8 de setembro de 2021.
“Felizmente, o jornalista Alexandre Megale não foi gravemente ferido, mas este foi um ataque violento e inaceitável contra um jornalista, e as autoridades do estado de Minas Gerais devem garantir uma investigação rigorosa, e em tempo adequado, do incidente e levar o responsável à justiça”, declarou em Nova York a coordenadora do programa do CPJ para a América Latina e Caribe, Natalie Southwick. “Jornalistas locais devem poder informar com segurança, sem medo de violência ou represálias por parte de funcionários públicos”.
Megale contou ao CPJ que foi ao bairro do Pinhalzinho dos Góes em Ouro Fino em 16 de maio para investigar supostas irregularidades em um canteiro de obras. Ele disse que estava em sua motocicleta pedindo informações a um homem quando Cantuária chegou em seu carro.
Enquanto Megale tentava se afastar da área, ele caiu de sua motocicleta, mas continuou andando enquanto Cantuária pegou pedras e correu em sua direção, gritando “some daqui” e “vou te ensinar”. Megale disse ao CPJ que Cantuária o atingiu com pedras no ombro, cabeça e mão enquanto ele tentava proteger seu rosto, acrescentando que seu capacete o salvou de ferimentos mais graves.
“Essas agressões [contra jornalistas] causam medo e insegurança. E não é só pra quem sofreu a agressão, mas para os outros colegas jornalistas também”, expressou Megale ao CPJ. Em sua declaração, a Abraji advertiu que “o jornalista foi agredido por exercer seu papel de informar” e que “um ataque dessa natureza não pode ficar impune, tampouco ser tratado como mera desavença”.
Megale disse ao CPJ que um policial militar foi ao hospital Santa Casa para ouvir seu relato e registrar o incidente. Ele acrescentou que, na quarta-feira 18 de maio, foi à Delegacia de Polícia Civil de Ouro Fino, unidade responsável pela investigação do caso, para prestar um depoimento e, na quinta-feira, foi examinado no Instituto Médico Legal da cidade vizinha de Pouso Alegre.
A Câmara Municipal de Ouro Fino, em comunicado enviado ao CPJ por e-mail, disse que não conseguiu localizar Cantuária e que está apurando o caso. O CPJ enviou um e-mail para a assessoria de imprensa do estado de Minas Gerais para comentários, mas não recebeu nenhuma resposta. O CPJ ligou para a Câmara Municipal de Ouro Fino e Paulo Araújo, assessor de imprensa da Câmara, declarou ao CPJ que Cantuária não estava lá, que ele não esteve lá nos últimos dias e que o vereador não possuía um endereço de e-mail.