Nova Iorque, 16 de fevereiro de 2021 – As autoridades moçambicanas devem reverter a decisão de expulsar o jornalista Tom Bowker e permitir-lhe trabalhar livremente no país, disse hoje o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ).
As autoridades de imigração de Moçambique forçaram hoje Bowker, um cidadão do Reino Unido e cofundador e editor do site privado Zitamar News, a deixar Moçambique e proibiram-no de regressar ao país durante 10 anos, após uma disputa de meses comas autoridades de informações e imigração que alegaram que Bowker não possuía a documentação correta para trabalhar no país, de acordo com reportagens dos Média e um tweet que o jornalista postou hoje ao deixar o país. Em seu tweet, ele disse que a expulsão teve “motivação política”. O Zitamar News cobre questões ligadas à economia, política e direitos humanos no país, incluindo o conflito da insurgência na província de Cabo Delgado.
“A expulsão e banimento por longo período do jornalista Tom Bowker por Moçambique envia uma mensagem assustadora à comunidade dos Média no país”, disse Angela Quintal, coordenadora do programa do CPJ para a África. “Jornalistas em Moçambique, especialmente aqueles que cobrem o conflito em Cabo Delgado, foram presos, perseguidos ou desapareceram. A expulsão de Bowker é outro exemplo de quão longe o governo irá para controlar as reportagens em Moçambique”.
Em janeiro, as autoridades de imigração disseram verbalmente a Bowker que ele deveria deixar o país, mas ele não recebeu nenhuma ordem por escrito para fazê-lo até 2 de fevereiro, de acordo com uma pessoa com conhecimento do caso, que falou ao CPJ sob condição de anonimato. pois não estavam autorizados a falar publicamente sobre isso. Essa diretriz foi adiada verbalmente duas vezes nos dias seguintes, disse a pessoa.
Quando o CPJ entrou em contato por telefone com Emília Moiane, diretora do Escritório de Informação do governo, que facilita o registo dos Media no país, ela disse que a decisão de expulsar Bowker não partiu de seu gabinete e encaminhou o CPJ para a autoridade de imigração. O CPJ telefonou para o Ministério do Interior de Moçambique, que supervisiona os serviços de imigração do país, mas ninguém respondeu.
Em abril de 2020, o CPJ junto a 16 outros grupos da sociedade civil enviou uma carta ao presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, expressando preocupação com a situação dos direitos humanos no país, incluindo o desaparecimento forçado do jornalista de rádio Ibraimo Abú Mbaruco. A última notícia sobre Mbaruco foi no início daquele mês, quando enviou uma mensagem de texto a um colega dizendo que estava “cercado por soldados”, documentou o CPJ na época.