Bogotá, Colômbia, 20 de junho de 2017 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) fez hoje um apelo pela libertação imediata de dois jornalistas holandeses que foram sequestrados enquanto trabalhavam em uma caótica região do noroeste da Colômbia.
Derk Johannes Bolt, de 62 anos, e Eugenio Ernest Marie Follender, de 58, foram sequestrados nesta segunda-feira, segundo declaração da polícia colombiana que circulou entre os jornalistas no WhatsApp. A Defensoria do Povo da Colômbia confirmou a notícia dos sequestros em sua conta no Twitter, mas informou que os dois jornalistas haviam sido retidos em 17 de junho.
“Fazemos um apelo aos autores dos sequestros dos jornalistas Derk Johannes Bolt e Eugenio Ernest Marie Follender a libertá-los imediatamente”, disse em Nova York o diretor de programa e coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “As autoridades colombianas devem fazer tudo para localizar os jornalistas e libertá-los sãos e salvos, e todas as partes do conflito colombiano devem respeitar a internacionalmente reconhecida condição de civis dos dois jornalistas”.
A declaração da polícia e um artigo do semanário colombiano Semana atribuíram o sequestro ao Exército de Libertação Nacional (ELN), organização rebelde marxista implicada em um conflito de mais de 50 anos com o Estado colombiano.
Os sequestros ocorreram perto do município de El Tarra, no departamento [estado] de Santander, no norte do país, que faz fronteira com a Venezuela e onde há a presença do ELN, que segundo os cálculos possui aproximadamente 1.500 guerrilheiros. Na região também estão presentes organizações de tráfico de drogas, segundo a declaração da polícia.
A organização colombiana Fundação para a Liberdade de Imprensa (FLIP, por sua sigla em espanhol) escreveu no Twitter que havia informações de que o ELN poderia ser o autor dos sequestros, mas advertiu que não havia confirmação sobre o fato.
Em uma de suas contas oficiais no Twitter, o ELN declarou que estava “investigando para ajudar a esclarecer o caso”, segundo informações da imprensa. Quando a BBC perguntou a um porta-voz do ELN sobre os sequestros, este respondeu: “Não há nada a dizer”.
Bolt, jornalista audiovisual, e Follender, cinegrafista, trabalham para o programa da TV holandesa “Spoorloos“, que rastreia o paradeiro de familiares. Eles estavam na região tentando encontrar a mãe biológica de uma criança colombiana adotada na Holanda, segundo o noticiário.
A polícia declarou que havia despachado uma unidade especializada em casos de sequestro para a região. Por sua vez, o exército colombiano informou que enviou efetivos ao local para procurar os dois jornalistas.
No ano passado, membros do ELN ativos no norte de Santander sequestraram a jornalista hispano colombiana Salud Hernández-Mora e dois jornalistas colombianos. Eles foram libertados ilesos depois de uma semana em cativeiro.
O maior grupo guerrilheiro da Colômbia, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), assinou um tratado de paz no ano passado para pôr fim a sua luta insurgente de 52 anos, e atualmente está desarmando seus 7.000 combatentes. Os diálogos de paz com o ELN, iniciados em fevereiro, estão paralisados desde então, segundo informações da imprensa