São Paulo, 31 de março de 2016 – O jornalista de rádio brasileiro Jair Pereira Teixeira, que informava sobre o crime e a corrupção em Forquilha, uma cidade no estado do Ceará, no nordeste do país, sobreviveu depois de ser baleado no domingo, segundo informações da imprensa. A polícia prendeu dois suspeitos na segunda-feira.
“Nós condenamos a tentativa de assassinato de Jair Pereira Teixeira, e apelamos às autoridades para processar todos os responsáveis e garantir que o jornalista possa continuar o seu trabalho sem medo de represálias”, disse em Nova York o coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, Carlos Lauría. “A capacidade de jornalistas brasileiros para relatar as notícias está sendo minada pela violência, sendo o Brasil um dos 10 países mais perigosos do mundo para a imprensa”.
Teixeira, que usa o nome na rádio de Jair Kovalick, foi baleado três vezes no braço e nas costas em um bar local, disse ao CPJ o chefe de polícia José Fernandes Vieira Júnior Dois agressores atiraram em Kovalick antes de fugir em uma motocicleta por volta das 07h00, relataram a polícia e reportagens. O jornalista de 45 anos de idade, que tinha ido para o bar com um amigo depois de participar de uma celebração da Páscoa no sábado à noite, foi levado para o hospital. Seus ferimentos não foram graves e ele foi libertado segunda-feira, segundo a imprensa.
Kovalick, que tem sido apresentador na Rádio Pioneira por cerca de oito anos, fez uma pausa durante três meses no ano passado depois que foi ameaçado, disse ao CPJ o engenheiro de som da emissora, Joaquim Farias. Em entrevista por telefone, Farias disse que o jornalista tinha sido avisado para ficar quieto.“Alguém lhe enviou uma mensagem para fechar a boca”, disse Farias.
Ele voltou para a Rádio Pioneira em fevereiro para apresentar um programa noturno diário de duas horas chamado Rasga Kovalick, Durante o programa que é transmitido em 45 municípios e em torno de Forquilha, Kovalick recebia ligações de cidadãos que tiveram queixas sobre questões de segurança pública e políticos corruptos, disse Farias.
“[O estilo de Kovalick] é dramático e direto, ele não mede suas palavras”, disse Farias. E é por isso que bandidos não gostam dele”.
Em uma entrevista transmitida na sua estação do leito do hospital segunda-feira, Kovalick disse ter recebido ameaças anônimas que antecederam o ataque, de acordo com um blog local.
O chefe da polícia, Vieira Junior, disse que Kovalick reconheceu seus agressores no momento do ataque. A polícia prendeu dois suspeitos – Bruno Ilário, de 26, e um jovem de 17 anos de idade, de acordo com o relatório policial oficial. Ambos confessaram ter participado no ataque e disseram que ele foi alvo porque os nomeou como traficantes de drogas em seu programa de rádio, Vieira Junior disse por telefone.
Vieira Junior disse: “Um está na cadeia e o outro em uma instituição
para jovens infratores. Temos 30 dias para terminar as nossas investigações e, em seguida, oo Ministério Público pode formalmente apresentar acusações”.
O ataque marcou a segunda vez em menos de um ano que um jornalista de rádio foi baleado no estado do Ceará. Gleydson Carvalho foi morto em agosto passado ao apresentar um programa na Rádio Liberdade FM em Camocim. Apesar de alguns progressos na luta contra a impunidade de crimes contra jornalistas. Os jornalistas brasileiros continuam a enfrentar enormes ameaças No ano passado, o Brasil foi o país mais letal nas Américas para os jornalistas, e pesquisa do CPJ indica que 36 jornalistas foram assassinados em represália direta por seu trabalho desde 1992.