Nova York, 15 de dezembro de 2015 – O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena o ataque ocorrido na sexta-feira contra a casa do jornalista argentino Sergio Hurtado, que informou sobre o tráfico de drogas. A esposa do jornalista foi estuprada no ataque na cidade de San Antonio de Areco.
Os agressores disseram a Hurtado, diretor e proprietário da Rádio FM Luna, que deixasse de falar sobre o comércio de drogas, disse o jornalista ao CPJ em entrevista por telefone.
“As autoridades argentinas devem processar os responsáveis por este crime impiedoso com todo o rigor da lei”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ. “Instamos as autoridades a garantir a segurança de Hurtado e sua família e assegurar que o jornalista possa continuar seu trabalho sem temor de represálias”.
Segundo Hurtado e informações da imprensa local, dois homens armados com facas e uma pistola irromperam na casa de Hurtado por volta das 4h30 da manhã e demandaram dinheiro. Ordenaram que Hurtado entregasse $27,000 pesos (2,520 dólares norte-americanos), embora não esteja claro por que pensaram que ele possuía essa quantia de dinheiro em casa, disse a FM Luna.
Os dois homens, separadamente, estupraram Cristina Hurtado, segundo informações da imprensa confirmadas por Sergio Hurtado ao CPJ. A esposa do jornalista disse ao jornal La Nación que seus dois filhos estavam dormindo em um quarto próximo quando os agressores entraram na casa. O filho maior, de 15 anos, acordou com os gritos e viu seus pais ameaçados com armas, informou o La Nación. Decidiu, então, voltar para seu quarto e fingir que estava dormindo. Antes de fugir, os homens roubaram dinheiro, telefones celulares e outros aparelhos eletrônicos, segundo as informações.
Hurtado disse que os assaltantes o advertiram: “Não se meta mais com o tráfico de drogas no rádio. Tínhamos a ordem de mata-lo”. A esposa de Hurtado também disse que os intrusos afirmaram que eram pistoleiros e que seu marido tinha que deixar de falar sobre o tráfico de drogas, publicou o La Nación.
Neste mesmo dia, a polícia prendeu dois suspeitos do assalto, identificados como Miguel Ángel Paraná, de 18 anos, e Santiago Leiva, de 21, segundo as informações da imprensa. Cristina Hurtado identificou os indivíduos como moradores locais conhecidos por vender drogas, explicou Hurtado ao CPJ.
O mais jovem dos suspeitos havia sido liberado da cadeia apenas sete horas antes do ataque, depois de ter sido preso pelo roubo de uma motocicleta este mês, segundo as informações. A polícia recuperou a maioria dos pertences da família Hurtado nas residências dos suspeitos. O CPJ não conseguiu contatar a polícia de imediato para solicitar comentários.
Hurtado informou regularmente sobre o consumo de drogas e o tráfico em San Antonio de Areco, situada 113 quilômetros ao norte da cidade de Buenos Aires. Mas ele disse ao CPJ que não podia apontar um artigo em especial que possa ter provocado a ira destes agressores. O grupo local Foro de Jornalismo Argentino (FOPEA) afirmou que Hurtado havia denunciado o aumento no consumo de drogas entre os jovens e a cumplicidade de autoridades locais e da polícia com grupos criminosos.