Nova York, 24 de abril de 2012 – O jornalista especializado em política e blogueiro Décio Sá foi morto a tiros na noite de segunda na cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão, no nordeste do Brasil, de acordo com as informações da imprensa. O jornalista estava esperando por um amigo em um bar quando um homem não identificado foi até o banheiro e, ai sair, atirou seis vezes contra Sá antes de fugir do local em uma motocicleta que o aguardava do lado de fora.
Sá, 42, escreveu sobre política por 17 anos para o jornal O Estado do Maranhão e mantinha um blog pessoal, o Blog do Décio, que era um dos mais lidos do estado de acordo com a imprensa. O blog de Sá era conhecido por sua cobertura crítica sobre políticos e corrupção, de acordo com Cezar Scanssette, jornalista de O Estado do Maranhão. Devido à natureza de suas reportagens, o jornalista possuía muitos inimigos, disse Scanssette ao CPJ. Ele também informou desconhecer que Sá tivesse recebido quaisquer ameaças.
Investigadores disseram a repórteres que o assassinato foi um crime encomendado, executado por “profissionais” que provavelmente mapearam a rotina diária do jornalista. A polícia também informou que examinaria o blog de Sá como um possível motivo para o homicídio.
“Estamos profundamente tristes com a morte de Décio Sá”, disse Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ. “O Brasil está liderando a região no número de assassinatos de jornalistas este ano, um terrível recorde composto por um padrão de impunidade. As autoridades brasileiras devem investigar por completo o crime, determinar o motivo, e processar todos os responsáveis”.
No dia de sua morte, Sá escreveu em seu blog sobre o julgamento de pistoleiros envolvidos em um assassinato que teria sido ordenado por um empresário local, membro de uma família de políticos. As autoridades também disseram a repórteres que investigariam se o assassinato possuía ligação com outro caso coberto por Sá, no qual um político local foi implicado em uma rede de prostituição e no assassinato de uma estudante universitária.
José Sarney, presidente do Senado brasileiro e cuja família é proprietária de O Estado do Maranhão, chamou o crime de “um atentado à democracia”. Sá deixa esposa, que está grávida, e uma filha de oito anos.
Em fevereiro, dois jornalistas foram assassinados em uma semana. Ninguém foi preso em nenhum dos casos. O Brasil aparece pelo segundo ano consecutivo do Índice de Impunidade do CPJ. Na semana passada o CPJ escreveu à presidente Dilma Rousseff expressando preocupação com este histórico e com outras recentes medidas adotadas pelo governo brasileiro que contradizem o compromisso assumido pela presidente de garantir a liberdade de expressão e fazer dos direitos humanos uma prioridade.