CPJ insta Clinton a reconsiderar a recusa de visto a Morris

13 de julho de 2010
The Hon. Hillary Rodham Clinton
Secretária de Estado
U.S. Department of State
2201 C Street, N.W.
Washington, D.C. 20520
Via fax: +1 (202) 647-2283

Ex.ma Secretária Clinton,

Escrevemos para expressar nossa profunda preocupação pela recusa do Departamento de Estado dos Estados Unidos em expedir um visto que permitiria ao proeminente jornalista colombiano Hollman Morris participar do programa Nieman oferecido pela Universidade de Harvard. A negativa, baseada em uma disposição sobre “atividades terroristas” do Ato Patriótico, não está fundamentada em nenhuma evidência disponível e poderia estar baseada em informação errada ou equivocada fornecida por autoridades colombianas.

Em 16 de junho, a Embaixada dos Estados Unidos em Bogotá informou a Morris que suas solicitações de visto J1 e B1/B2 haviam sido negadas. Scott Renner, encarregado de vistos para não imigrantes na embaixada, disse a Morris que ele havia sido considerado inelegível de acordo com a seção 212 (a)(3)(B) do Ato Patriótico, que exclui os acusados de “atividades terroristas”, expôs Morris ao CPJ. Morris também afirmou que os funcionários consulares norte-americanos não lhe forneceram uma explicação completa nem evidência específica como base de sua decisão.

Morris, de 41 anos, produtor do programa semanal de investigação “Contravía” transmitido pela emissora de televisão Canal Uno, foi selecionado em maio como um dos 12 jornalistas estrangeiros admitidos para o programa Nieman no período acadêmico 2010-11 na Universidade de Harvard.

Conhecido por sua cobertura aprofundada do conflito civil de cinco décadas na Colômbia, Morris é um crítico severo do Presidente Álvaro Uribe Vélez. Uribe, membros do alto escalão do governo e o presidente eleito Juan Manuel Santos cunharam Morris como um aliado do terrorismo por sua cobertura de grupos armados ilegais do conflito civil, segundo a investigação do CPJ. As acusações não se sustentam, concluiu o CPJ.

Em fevereiro de 2009, o CPJ e a Human Rights Watch enviaram uma carta conjunta a Uribe expressando profunda preocupação pelos riscos que as acusações infundadas que vinculavam o jornalista ao grupo armado de esquerda Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) representavam para a vida de Morris. Os funcionários colombianos descreveram Morris como “próximo das guerrilhas” e um “cúmplice do terrorismo” depois que ele viajou ao sul do país para entrevistar líderes das FARC como parte de um documentário sobre sequestros na Colômbia. O CPJ e a Human Rights Watch exortaram o presidente Uribe a retratar-se publicamente de seus comentários e a se abster de fazer acusações infundadas contra membros da imprensa.

Como documentado pelo CPJ, Morris foi alvo de uma campanha constante por parte do Serviço Nacional de Inteligência (DAS) para intimidá-lo e desacreditar seu trabalho. O telefone do jornalista e suas contas de correio eletrônico foram interceptados como parte de um esquema maior de espionagem ilegal realizado por membros do DAS. Após uma investigação a cargo da Procuradoria Geral, numerosos funcionários de inteligência foram processados por espionagem ilegal. Morris também foi seguido, acossado e ameaçado em numerosas ocasiões, o que inclusive o forçou a abandonar seu país em várias oportunidades.

O CPJ considera que a recusa em conceder o visto é uma decisão incorreta que prejudica os interesses dos Estados Unidos na América Latina e eleva os riscos para Morris na Colômbia. O CPJ também se preocupa com o fato de o Departamento de Estado ter sido influenciado por funcionários colombianos, que possuem um registro de acusações infundadas contra Morris por sua cobertura crítica ao governo. Instamos V. Ex.ª a tomar medidas pessoalmente neste caso, a reconsiderar a decisão em mais alto nível e garantir que Morris possa participar do programa Nieman com outros proeminentes jornalistas estrangeiros.

Cordialmente, 

 

Joel Simon

Diretor

 

CC

Janet Napolitano, Secretária de Segurança Interna

Eric H. Holder Jr., Promotor Geral

Janice Lee Jacobs, Escritório de Assuntos Consulares do Departamento de Estado

Michael H. Posner, Escritório de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho do Departamento de Estado

William R. Brownfield, Embaixador dos Estados Unidos na Colômbia

Sen. Christopher J. Dodd, Membro do Comitê pela Liberdade de Imprensa do Congresso

Sen. Richard G. Lugar, Membro do Comitê pela Liberdade de Imprensa do Congresso

Rep. Adam Schiff, Membro fundador do Comitê pela Liberdade de Imprensa do Congresso

Rep. Mike Pence, Membro do Comitê pela Liberdade de Imprensa do Congresso

Rep. Eliot L. Engel, Presidente do Subcomitê para o Hemisfério Ocidental da Câmara de Representantes

Rep. Connie Mack, Membro da Minoria no Subcomitê para o Hemisfério Ocidental da Câmara de Representantes

Rep. James P. McGovern, Membro da Comissão de Direitos Humanos Tom Lantos

Rep. Frank R. Wolf, Membro da Comissão de Direitos Humanos Tom Lantos

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