Nova York, 6 de abril de 2004 –O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) condena o violento ataque contra uma jornalista mexicana, que estava em estado crítico após receber vários tiros em frente à estação de rádio onde cobria a editoria de polícia, em Nuevo Laredo, uma cidade na fronteira com Texas assolada por uma onda de violência relacionada às drogas.
Dolores Guadalupe García Escamilla, que apresenta o programa “Punto Rojo” na rádio privada Stereo 91, recebeu novo tiros no abdômen, pélvis, braços e pernas, quando chegava ao trabalho minutos antes das 8h00 de ontem, informou ao CPJ Roberto Gálvez Martínez, diretor de notícias da Stereo 91.
Um pistoleiro se aproximou da repórter logo que ela estacionou seu carro em frente à rádio e disparou 14 vezes, informou a imprensa mexicana. García Escamilla foi transportada a um hospital próximo e submetida a uma intervenção cirúrgica de emergência.
Gálvez disse que o ataque ocorreu meia hora depois da rádio emitir um informe de García Escamilla sobre o assassinato a tiros, na segunda-feira, de um advogado de Nuevo Laredo que, segundo informações da imprensa, havia representado narcotraficantes. García Escamilla, uma experiente repórter que trabalhou para vários meios de comunicação na cidade, cobre a área policial para a Stereo 91 desde 2001, afirmou Gálvez.
O diretor de notícias comentou com o CPJ que o automóvel de García Escamilla foi incendiado no início de janeiro, em frente à casa da repórter. Gálvez disse que não havia sido determinado o motivo, mas a imprensa especulou que poderia ser fruto de seu trabalho jornalístico. García Escamilla apresentou denúncia ante o Ministério Público, mas nenhuma medida foi tomada.
Nuevo Laredo, uma cidade de 500.000 habitantes no estado de Tamaulipas, é assolada por uma onda de violência relacionada ao narcotráfico. Mais de 30 pessoas foram assassinadas esse ano, informou o San Antonio Express News.
A fronteira entre México e Estados Unidos se converteu em um dos lugares mais perigosos para exercer o jornalismo na América Latina. Dois jornalistas da fronteira foram mortos no cumprimento de seu trabalho informativo em 2004, segundo a investigação do CPJ. O CPJ também continua investigando o motivo do assassinato de Roberto Mora, diretor editorial do diário El Mañana, de Nuevo Laredo, morto a punhaladas em frente a sua casa, em 19 de março de 2004.
“Estamos indignados por este violento ataque contra García Escamilla”, disse a Diretora Executiva do CPJ, Ann Cooper. “Instamos as autoridades mexicanas a conduzir uma investigação exaustiva, apresentar à justiça os responsáveis, e pôr fim a este clima de descontrole na fronteira entre Estados Unidos e México”.